Man Up Young Leaders Summit – Dia 3 (5 de Julho de 2010)
quinta-feira, 22 de julho de 2010
08:05
Postado por
Italo Ribeiro ;)
Acho que este foi o melhor dia do Summit, ou talvez um dos melhores. A Man Up Campaign não poderia ter feito uma programação melhor para o evento. Seria a primeira vez que finalmente estariamos todos reunidos. Os delegados já haviam chegado e estavam prontos para iniciarem as atividades oficiais do Young Leaders Summit.
Após um ótimo café da manhã fomos encaminhados ao centro estudantil onde ocorreria todo o evento ao longo da semana. Como primeira atividade fomos introduzidos ao time Man Up composto por Jimmy Briggs (Diretor Executivo e Co-Fundador), Karen Robinson (Diretora Administrativa), Aimee Le (Diretora de Programas), Jessica Morris (Diretora de Comunicações), Fred Sullivan (Gerente de Mídia), Patrick Phelan (Diretor Criativo), Kristin Haffert (Consultora de Fundos), Bruce Richman e Jessica Houssian (Sócios de Desenvolvimento Estratégico). Foi emocionante ver todo esse time emocionado e feliz ao estar concretizando um sonho. Poder ver o Summit sair do papel deveria ser algo incrivelmente fascinante para aqueles líderes sonhadores. Antes éramos apenas e-mails e nomes, agora eles estavam frente a frente com os jovens líderes que eles selecionaram e mantiveram contato por mais de 5 meses. Karen left me very emotional by her inspiration and passion to work on violence against women and to promote such a great event like that. Além daquele momento especial, também fomos introduzidos para as regras do evento como horários, programação oficial, etc.
Logo em seguida, Aimee dividiu o grupo de delegados em 2 subgrupos: A e B. Os delegados brasileiros ficaram no grupo B. Fomos diretamente para o nosso primeiro workshop: Introdução ao Planejamento de Ação (Fase 1), ministrado por Sandra Sirota (Representante do Advocacy Lab). Aquele foi o nosso primeiro contato com o nosso plano de prática. Deveríamos alí desenvolver os projetos que idealizamos de forma efetiva, correta e inovadora para que pudéssemos aplicá-los nos nossos países quando voltarmos. Participamos de algumas dinâmicas para a apresentação do grupo e das questões com relação a violência contra a mulher mais priorizadas por cada participante. No meu caso: Exploração Sexual e Tráfico Humano; No caso do Will: Violência Doméstica. Também recebemos alguns formulários para preencher com informações sobre o nosso projeto como: Definição do Problema, Metas, Forças e Fraquezas, Estratégias, Táticas, Comunicação, Recursos de Administração, Medidas e Documentação e Cronograma. Minha delegação logo ficou muito íntima destes formulários, cmo também de todas as orientações que recebemos. Então, iniciamos o trabalho...
Tentamos definir o problema primeiramente. Como representávamos 2 delegações brasileiras, obviamente tínhamos focos diferentes e planos para projetos diferentes. A minha delegação decidiu focar na Desigualdade de Gênero, pois acreditamos que apesar dos avanços que a população feminina adquiriu no decorrer das últimas décadas, ainda existem incontáveis fatores que as deixam invisíveis de alguma forma. Dentre tais fatores destacamos cultura, fator econômica, jornada histórica, sociedade, etc. Além disso, a desigualdade de gênero pode ser uma plataforma base para vários outros tipos de violência se manifestarem, como: Homofobia, Machismo, Intolerância Social, Credibilidade Profissional, Acesso à Educação, Apatia Feminina, Violência Doméstica e Simbólica, Exploração Sexual e Pobreza. Todos esses problema não andam sozinho, logo veio até a minha cabeça a conclusão: Se mesmo com a abordagem da mídia, a disseminação de casos de violência contra a mulher remediados e criação de leis de defesa da mulher, as pessoas ainda não foram reculturalizadas e a violência continua a acontecer, provavelmente estaríamos trabalhando no grupo social errado. Logo, é inferível que os principais perpetuadores de tal violência pertencem a atual geração: Jovens!
Pronto! Will e eu decidimos trabalhar no combate contra a desigualdade de gênero através da juventude. Mas como faríamos isso? Levamos o resto do dia inteiro refletindo sobre o assunto e chegamos a muitos outros problemas diretamente ligados a situação da violência de gênero e juventude no Brasil. Além disso aprimoramos nossas ideias nos dias seguintes. Vocês saberão sobre o nosso trabalho passo a passo. Para isso, leiam as próximas postagens.
A sessão seguinte era muito importante: Fundamentos de Tecnologia e Mídia Social para Mudanças, ministrada por Ian Schuler do Instituto Nacional Democrático. Aprendemos como a mídia pode impactar a sociedade e trazer mudanças. Foi uma sessão bem interativa além de altamente recomendada pelo time Man Up.
Após o almoço tivemos o privilégio de contar com a princesa de ninguém mais nem menos que... A PRINCESA DA ÁFRICA DO SUL IVONE CHAKA CHAKA. Nossa, eu nunca imaginei que fosse conhecê-la. Não foi simplesmente uma oportunidade de vê-la,mas a chance de ser inspirado por sua história e suas ações na África e no mundo. Ivone foi uma mulher que lutou pelo seu país e venceu todos os estereótipos que a sociedade implementou para as mulheres durante a sua juventude. Ao lutar por um país mais justo, venceu a pobreza e a desvalorização da mulher. Tornou-se cantora e assim foi reconhecida nacionalmente por seus esforços e músicas que abordavam as questões sociais e políticas de seu país. Tudo isso com um tom de leveza e inocência da mulher africana. Uma mulher altamente autêntica! Fomos enterados sobre o seu novo projeto: Ivone agora está na luta contra o tráfico de mulheres e exploração sexual na áfrica. O seu símbolo é o cartão vermelho. Ele pode simbolizar muito mais do que uma advertência, proibição ou expulsão. Pode simbolizar mobilização e urgência. Isso é o que nós precisamos para combater tais questões. Em menos de 30 minutos de palestra, estávamos todos boquiabertos com tanta experiência e tal trajetória de luta. Logo depois, tivemos o prazer de ouvi-la cantar uma das músicas de seu vigésimo primeiro álbum. Foi maravilhoso! Tivemos ainda oportunidades de falar e registrar fotografias com ela. Particularmente eu pude me apresentar pra ela e explicar o meu trabalho. Ela me parabenizou e disse que no processo de criação de mudanças, as pessoas acordam desde cedo. Parabenizou-me por ter apenas 18 anos e começar a luta aos 15, e ressaltou que eu já havia quebrado fronteiras imensas para concretizar tal luta. Escutar isso de uma líder global foi altamente gratificante. Ela fez-me ver que apesar de estar alí, eu não era um líder global. E realmente eu não sou! Mas eu posso ser aquele que pode preparar o caminho para os futuros líderes globais. E essa tarefa basta para mim!
Após imenso processo de aprendizado, tivemos um momento coffee-break o qual Will e eu utilizamos para compartilhar o quão impactados estávamos com Ivone. Após o chá, tivemos mais workshops para ir. O primeiro deles foi: Violência Contra a Mulher ao redor do mundo – Conhecimento Fundamental, ministrado por ADEYINKA Akinsulure-Smith e Hawthorne Smith, Bellevue-NYU Program for Survivors of Torture. Nessa sessão fomos bombardeados com novo conhecimento sobre violência contra a mulher através da exposição de dados estatísticos, casos reais, leis existentes e muitas outras ferramentas que puderam nos ajudar com a caracterização dos problemas que estávamos combatendo. Adicionalmente fomos confrontados por debates sobre o nosso próprio conhecimento do que consiste violência contra a mulher nas nossas opiniões. Acredito que essa sessão foi uma das melhores de todo o evento pois tudo foi muito bem organizado para facilitar o nosso entendimento. O grupo Man Up está de parabéns!
Pronto, terminavamos alí o primeiro dia de workshops do Summit. Não sabiamos o que nos esperava para a noite. Fomos direcionados a uma van que nos esperava e nos levou até um restaurante-cinema que estava reservado para a Man Up. Lá tivemos a oportunidade de jantar, conversar e curtir uma boa música africana enquanto o time Man Up preparava para nós uma surpresa. Na verdade, era uma meia-surpresa! Nós sabiamos que assistiriamos a um filme. Sabiamos até o nome do filme e quem estaria conosco. Mas só conheciamos os nomes até então.
Fomos reunidos em uma sala para assistir ao filme. Jimmy Briggs introduziu as convidadas e o filme: Pray the Devil Back to Hell (Ore para o Diabo de Volta ao Inferno), com a diretora de filmes Abigail Disney e Leymah Gbowee, Co-Fundadora e Diretora Executiva da Mulheres em Paz e Rede de Segurança da África (Women in Peace and Security Network – Africa WIPSEN). Esta seria uma das mulheres mais especiais que já conheci em toda a minha vida. Um verdadeiro exemplo de defensora e humanitária.
O filme relata a história de um grupo de mulheres comuns – Muçulmanas e Cristãs, Ricas e Pobres - que reuniram-se quebrando todo tipo de barreira cultural para trazer paz para seu país, no caso Liberia. Naquela época, Liberia enfrentava um período de inferno causado pelo atual presidente do país através de guerras, matanças, repressão social, ditadura, etc. Aquelas mulheres não aguentavam mais viver na fome, ver seus filhos e maridos matar e morrer simplesmente pelo fato de serem influenciados para fazer aquilo tudo. Então, Leymah decidiu mobilizar as mulheres da sua igreja para trabalharem por paz no seu país. O movimento começou apenas com encontros na igreja para discutirem sobre como poderiam trazer conscientização para o presidente. Após isso, todos os dias elas passaram a vestir camisas com mensagens de paz, acessórios de roupa brancos e sentar na beira da estrada onde o presidente passava com seus seguranças todos os dias. Elas fizeram isso por mais de 2 meses, continuamente. No entanto, passaram o mesmo período sem respostas. Então, indignadas com o fato de não terem voz, elas decidiram juntar dinheiro entre si para mandar algumas representantes para Gana, onde estaria acontecendo uma conferência internacional para discutir sobre problemas na África. Rapidamente as representantes mobilizaram as mulheres do outro país, mas também deixaram o governo saber de seus planos. Então, a matança iniciou-se. Muitos de seus filhos foram assassinados, como também as próprias membras do movimento. Mesmo assim elas não desistiram de lutar e continuaram perseverando. Elas sabiam que elas poderiam parar por ali e morrer depois devido às guerras ou então lutar alí, morrer ou vencer. O medo da morte não venceu aquelas mulheres. Coletando pequenas quantias de dinheiro elas puderam mobilizar outros países próximos a Liberia para lutar por paz. Uma delegação de 50 mulheres foram para Gana para fazer um movimento em frente ao palácio do parlamento, onde estava ocorrendo a conferência internacional pela paz. Devido a tal movimento, o presidente da Liberia foi altamente pressionado pelas autoridades internacionais, mas ele não queria ceder e ordenou a morte daquelas mulheres que estavam lá fora. No entanto, líderes sociais movidos pela luta daquelas mulheres impediram que a polícia cometesse aqueles crimes. As mulheres então armaram-se e disseram que sem um acordo de paz, aqueles representantes não sairiam daquele prédio. E assim foi por uma semana. Os líderes mundiais ficaram sem água, comida ou acomodação por 7 dias até que as mulheres receberam uma resposta: O presidente da Liberia estava disposta a escutá-las, mas as negociações de paz ainda continuariam. Elas então decidiram liberar os líderes mundiais mas continuaram a luta. Na sua reunião com o presidente elas falaram para o mundo inteiro ouvir: Nós queremos paz! Liberia merece paz! Mulheres Unidas Pela Paz! E apelaram para a comoção da Primeira Dama do país. Então, o presidente promoteu ajudá-las. Mas não compriu, agravando a guerra. Então as mulheres voltaram para o palácio e fizeram outra mobilização, até que o tratado de paz foi aprovado. Houve muita comemoração e alegria! Depois de tanto tempo de intensa luta elas sairam vitoriosas. Elas venceram a política do país ditador. Elas tiveram as suas vozes ouvidas.
Apesar da vitória, elas não pararam a luta. Criaram uma organização não-governamental e iniciaram a batalha por eleições diretas e democráticas no país. Devido ao desempenho do movimento elas conseguiram conscientizar o país inteiro e eleger a primeira Presidente Mulher do Continente Africano. Desde então, Liberia tem sido um país de paz e democracia para o seu povo, apesar dos desafios econômicos e sociais.
Peguei-me com lágrimas nos olhos e com as pernas trêmulas. Eu estava diante de uma guerreira! E que luta! Eu não pude me conter. Tive que me levantar e falar para aquela mulher tudo o que eu estava sentindo. Eu disse que palavras poderiam dificilmente explicar o que eu estava sentindo naquele momento. Parabenizei-a por tudo e agradeci pois ela me mostrou que mesmo iniciativas pequenas podem se tornar coisas grandes e trazer mudanças inesquecíveis. Ela recebeu vários “nãos” quando iniciou o movimento. Na sociedade em que vivia, ela era invisível e culturalmente diferente dos outros, mas aquelas mulheres decidiram falar a mesma língua: A língua da paz! Naquela noite do Man Up Summit nós éramos 86 jovens provenientes de vários países do mundo, e alí nós já tinhamos o privilégio de falar a mesma língua: A língua da melhoria das vidas das mulheres do mundo inteiro. Falei pra ela que aquela história me deu um sentimento de alcançe, mesmo embora aquela luta não fosse minha. Aplaudi com todas as minhas forças e logo em seguida todos fizeram o mesmo. Depois eu ouvi palavras lindas daquela mulher. Ela disse que apesar dos 15 metros de distância que nos seperavam naquele momento, ela pôde sentir o quão grato eu estava e quão entusiasmada ela ficou com aquilo. Agradeceu e disse que espera realmente que eu faça mudanças como aquela no Brasil. Ela garantiu que eu podia fazer isso! E eu sei que eu posso!
Alí encerrou-se o primeiro dia do Man Up Summit. Mas felizmente fomos informados de que Leymah estaria na Universidade de Joabesburgo no dia seguinte para nos dar uma palestra! Fiquei muito ancioso! Eu a veria outra vez! Fui dormir muito satisfeito e agradecido a Deus por ter me proporcionado aqueles momentos. Eu estava extremamente capacitado! Eu estava decido a fazer uma mudança grande, pois são elas que vão mover o meu país pra melhor. E naquele momento eu sabia como fazer isso!
Após um ótimo café da manhã fomos encaminhados ao centro estudantil onde ocorreria todo o evento ao longo da semana. Como primeira atividade fomos introduzidos ao time Man Up composto por Jimmy Briggs (Diretor Executivo e Co-Fundador), Karen Robinson (Diretora Administrativa), Aimee Le (Diretora de Programas), Jessica Morris (Diretora de Comunicações), Fred Sullivan (Gerente de Mídia), Patrick Phelan (Diretor Criativo), Kristin Haffert (Consultora de Fundos), Bruce Richman e Jessica Houssian (Sócios de Desenvolvimento Estratégico). Foi emocionante ver todo esse time emocionado e feliz ao estar concretizando um sonho. Poder ver o Summit sair do papel deveria ser algo incrivelmente fascinante para aqueles líderes sonhadores. Antes éramos apenas e-mails e nomes, agora eles estavam frente a frente com os jovens líderes que eles selecionaram e mantiveram contato por mais de 5 meses. Karen left me very emotional by her inspiration and passion to work on violence against women and to promote such a great event like that. Além daquele momento especial, também fomos introduzidos para as regras do evento como horários, programação oficial, etc.
Logo em seguida, Aimee dividiu o grupo de delegados em 2 subgrupos: A e B. Os delegados brasileiros ficaram no grupo B. Fomos diretamente para o nosso primeiro workshop: Introdução ao Planejamento de Ação (Fase 1), ministrado por Sandra Sirota (Representante do Advocacy Lab). Aquele foi o nosso primeiro contato com o nosso plano de prática. Deveríamos alí desenvolver os projetos que idealizamos de forma efetiva, correta e inovadora para que pudéssemos aplicá-los nos nossos países quando voltarmos. Participamos de algumas dinâmicas para a apresentação do grupo e das questões com relação a violência contra a mulher mais priorizadas por cada participante. No meu caso: Exploração Sexual e Tráfico Humano; No caso do Will: Violência Doméstica. Também recebemos alguns formulários para preencher com informações sobre o nosso projeto como: Definição do Problema, Metas, Forças e Fraquezas, Estratégias, Táticas, Comunicação, Recursos de Administração, Medidas e Documentação e Cronograma. Minha delegação logo ficou muito íntima destes formulários, cmo também de todas as orientações que recebemos. Então, iniciamos o trabalho...
Delegação Brasileira em Discussão sobre seu Projeto
Tentamos definir o problema primeiramente. Como representávamos 2 delegações brasileiras, obviamente tínhamos focos diferentes e planos para projetos diferentes. A minha delegação decidiu focar na Desigualdade de Gênero, pois acreditamos que apesar dos avanços que a população feminina adquiriu no decorrer das últimas décadas, ainda existem incontáveis fatores que as deixam invisíveis de alguma forma. Dentre tais fatores destacamos cultura, fator econômica, jornada histórica, sociedade, etc. Além disso, a desigualdade de gênero pode ser uma plataforma base para vários outros tipos de violência se manifestarem, como: Homofobia, Machismo, Intolerância Social, Credibilidade Profissional, Acesso à Educação, Apatia Feminina, Violência Doméstica e Simbólica, Exploração Sexual e Pobreza. Todos esses problema não andam sozinho, logo veio até a minha cabeça a conclusão: Se mesmo com a abordagem da mídia, a disseminação de casos de violência contra a mulher remediados e criação de leis de defesa da mulher, as pessoas ainda não foram reculturalizadas e a violência continua a acontecer, provavelmente estaríamos trabalhando no grupo social errado. Logo, é inferível que os principais perpetuadores de tal violência pertencem a atual geração: Jovens!
Pronto! Will e eu decidimos trabalhar no combate contra a desigualdade de gênero através da juventude. Mas como faríamos isso? Levamos o resto do dia inteiro refletindo sobre o assunto e chegamos a muitos outros problemas diretamente ligados a situação da violência de gênero e juventude no Brasil. Além disso aprimoramos nossas ideias nos dias seguintes. Vocês saberão sobre o nosso trabalho passo a passo. Para isso, leiam as próximas postagens.
A sessão seguinte era muito importante: Fundamentos de Tecnologia e Mídia Social para Mudanças, ministrada por Ian Schuler do Instituto Nacional Democrático. Aprendemos como a mídia pode impactar a sociedade e trazer mudanças. Foi uma sessão bem interativa além de altamente recomendada pelo time Man Up.
Após o almoço tivemos o privilégio de contar com a princesa de ninguém mais nem menos que... A PRINCESA DA ÁFRICA DO SUL IVONE CHAKA CHAKA. Nossa, eu nunca imaginei que fosse conhecê-la. Não foi simplesmente uma oportunidade de vê-la,mas a chance de ser inspirado por sua história e suas ações na África e no mundo. Ivone foi uma mulher que lutou pelo seu país e venceu todos os estereótipos que a sociedade implementou para as mulheres durante a sua juventude. Ao lutar por um país mais justo, venceu a pobreza e a desvalorização da mulher. Tornou-se cantora e assim foi reconhecida nacionalmente por seus esforços e músicas que abordavam as questões sociais e políticas de seu país. Tudo isso com um tom de leveza e inocência da mulher africana. Uma mulher altamente autêntica! Fomos enterados sobre o seu novo projeto: Ivone agora está na luta contra o tráfico de mulheres e exploração sexual na áfrica. O seu símbolo é o cartão vermelho. Ele pode simbolizar muito mais do que uma advertência, proibição ou expulsão. Pode simbolizar mobilização e urgência. Isso é o que nós precisamos para combater tais questões. Em menos de 30 minutos de palestra, estávamos todos boquiabertos com tanta experiência e tal trajetória de luta. Logo depois, tivemos o prazer de ouvi-la cantar uma das músicas de seu vigésimo primeiro álbum. Foi maravilhoso! Tivemos ainda oportunidades de falar e registrar fotografias com ela. Particularmente eu pude me apresentar pra ela e explicar o meu trabalho. Ela me parabenizou e disse que no processo de criação de mudanças, as pessoas acordam desde cedo. Parabenizou-me por ter apenas 18 anos e começar a luta aos 15, e ressaltou que eu já havia quebrado fronteiras imensas para concretizar tal luta. Escutar isso de uma líder global foi altamente gratificante. Ela fez-me ver que apesar de estar alí, eu não era um líder global. E realmente eu não sou! Mas eu posso ser aquele que pode preparar o caminho para os futuros líderes globais. E essa tarefa basta para mim!
Delegados Man Up com Ivone Chaka Chaka segurando o Cartão Vermelho de sua Campanha!
Delegação Brasileira (Will e Eu) com Ivone Chaka Chaka e seu parceiro
Ivone Chaka Chaka, Princesa da África do Sul
Após imenso processo de aprendizado, tivemos um momento coffee-break o qual Will e eu utilizamos para compartilhar o quão impactados estávamos com Ivone. Após o chá, tivemos mais workshops para ir. O primeiro deles foi: Violência Contra a Mulher ao redor do mundo – Conhecimento Fundamental, ministrado por ADEYINKA Akinsulure-Smith e Hawthorne Smith, Bellevue-NYU Program for Survivors of Torture. Nessa sessão fomos bombardeados com novo conhecimento sobre violência contra a mulher através da exposição de dados estatísticos, casos reais, leis existentes e muitas outras ferramentas que puderam nos ajudar com a caracterização dos problemas que estávamos combatendo. Adicionalmente fomos confrontados por debates sobre o nosso próprio conhecimento do que consiste violência contra a mulher nas nossas opiniões. Acredito que essa sessão foi uma das melhores de todo o evento pois tudo foi muito bem organizado para facilitar o nosso entendimento. O grupo Man Up está de parabéns!
Como é a questão da violência contra a mulher no seu país? Por que isso acontece? Como combater?
Pronto, terminavamos alí o primeiro dia de workshops do Summit. Não sabiamos o que nos esperava para a noite. Fomos direcionados a uma van que nos esperava e nos levou até um restaurante-cinema que estava reservado para a Man Up. Lá tivemos a oportunidade de jantar, conversar e curtir uma boa música africana enquanto o time Man Up preparava para nós uma surpresa. Na verdade, era uma meia-surpresa! Nós sabiamos que assistiriamos a um filme. Sabiamos até o nome do filme e quem estaria conosco. Mas só conheciamos os nomes até então.
Fomos reunidos em uma sala para assistir ao filme. Jimmy Briggs introduziu as convidadas e o filme: Pray the Devil Back to Hell (Ore para o Diabo de Volta ao Inferno), com a diretora de filmes Abigail Disney e Leymah Gbowee, Co-Fundadora e Diretora Executiva da Mulheres em Paz e Rede de Segurança da África (Women in Peace and Security Network – Africa WIPSEN). Esta seria uma das mulheres mais especiais que já conheci em toda a minha vida. Um verdadeiro exemplo de defensora e humanitária.
O filme relata a história de um grupo de mulheres comuns – Muçulmanas e Cristãs, Ricas e Pobres - que reuniram-se quebrando todo tipo de barreira cultural para trazer paz para seu país, no caso Liberia. Naquela época, Liberia enfrentava um período de inferno causado pelo atual presidente do país através de guerras, matanças, repressão social, ditadura, etc. Aquelas mulheres não aguentavam mais viver na fome, ver seus filhos e maridos matar e morrer simplesmente pelo fato de serem influenciados para fazer aquilo tudo. Então, Leymah decidiu mobilizar as mulheres da sua igreja para trabalharem por paz no seu país. O movimento começou apenas com encontros na igreja para discutirem sobre como poderiam trazer conscientização para o presidente. Após isso, todos os dias elas passaram a vestir camisas com mensagens de paz, acessórios de roupa brancos e sentar na beira da estrada onde o presidente passava com seus seguranças todos os dias. Elas fizeram isso por mais de 2 meses, continuamente. No entanto, passaram o mesmo período sem respostas. Então, indignadas com o fato de não terem voz, elas decidiram juntar dinheiro entre si para mandar algumas representantes para Gana, onde estaria acontecendo uma conferência internacional para discutir sobre problemas na África. Rapidamente as representantes mobilizaram as mulheres do outro país, mas também deixaram o governo saber de seus planos. Então, a matança iniciou-se. Muitos de seus filhos foram assassinados, como também as próprias membras do movimento. Mesmo assim elas não desistiram de lutar e continuaram perseverando. Elas sabiam que elas poderiam parar por ali e morrer depois devido às guerras ou então lutar alí, morrer ou vencer. O medo da morte não venceu aquelas mulheres. Coletando pequenas quantias de dinheiro elas puderam mobilizar outros países próximos a Liberia para lutar por paz. Uma delegação de 50 mulheres foram para Gana para fazer um movimento em frente ao palácio do parlamento, onde estava ocorrendo a conferência internacional pela paz. Devido a tal movimento, o presidente da Liberia foi altamente pressionado pelas autoridades internacionais, mas ele não queria ceder e ordenou a morte daquelas mulheres que estavam lá fora. No entanto, líderes sociais movidos pela luta daquelas mulheres impediram que a polícia cometesse aqueles crimes. As mulheres então armaram-se e disseram que sem um acordo de paz, aqueles representantes não sairiam daquele prédio. E assim foi por uma semana. Os líderes mundiais ficaram sem água, comida ou acomodação por 7 dias até que as mulheres receberam uma resposta: O presidente da Liberia estava disposta a escutá-las, mas as negociações de paz ainda continuariam. Elas então decidiram liberar os líderes mundiais mas continuaram a luta. Na sua reunião com o presidente elas falaram para o mundo inteiro ouvir: Nós queremos paz! Liberia merece paz! Mulheres Unidas Pela Paz! E apelaram para a comoção da Primeira Dama do país. Então, o presidente promoteu ajudá-las. Mas não compriu, agravando a guerra. Então as mulheres voltaram para o palácio e fizeram outra mobilização, até que o tratado de paz foi aprovado. Houve muita comemoração e alegria! Depois de tanto tempo de intensa luta elas sairam vitoriosas. Elas venceram a política do país ditador. Elas tiveram as suas vozes ouvidas.
Apesar da vitória, elas não pararam a luta. Criaram uma organização não-governamental e iniciaram a batalha por eleições diretas e democráticas no país. Devido ao desempenho do movimento elas conseguiram conscientizar o país inteiro e eleger a primeira Presidente Mulher do Continente Africano. Desde então, Liberia tem sido um país de paz e democracia para o seu povo, apesar dos desafios econômicos e sociais.
Peguei-me com lágrimas nos olhos e com as pernas trêmulas. Eu estava diante de uma guerreira! E que luta! Eu não pude me conter. Tive que me levantar e falar para aquela mulher tudo o que eu estava sentindo. Eu disse que palavras poderiam dificilmente explicar o que eu estava sentindo naquele momento. Parabenizei-a por tudo e agradeci pois ela me mostrou que mesmo iniciativas pequenas podem se tornar coisas grandes e trazer mudanças inesquecíveis. Ela recebeu vários “nãos” quando iniciou o movimento. Na sociedade em que vivia, ela era invisível e culturalmente diferente dos outros, mas aquelas mulheres decidiram falar a mesma língua: A língua da paz! Naquela noite do Man Up Summit nós éramos 86 jovens provenientes de vários países do mundo, e alí nós já tinhamos o privilégio de falar a mesma língua: A língua da melhoria das vidas das mulheres do mundo inteiro. Falei pra ela que aquela história me deu um sentimento de alcançe, mesmo embora aquela luta não fosse minha. Aplaudi com todas as minhas forças e logo em seguida todos fizeram o mesmo. Depois eu ouvi palavras lindas daquela mulher. Ela disse que apesar dos 15 metros de distância que nos seperavam naquele momento, ela pôde sentir o quão grato eu estava e quão entusiasmada ela ficou com aquilo. Agradeceu e disse que espera realmente que eu faça mudanças como aquela no Brasil. Ela garantiu que eu podia fazer isso! E eu sei que eu posso!
Alí encerrou-se o primeiro dia do Man Up Summit. Mas felizmente fomos informados de que Leymah estaria na Universidade de Joabesburgo no dia seguinte para nos dar uma palestra! Fiquei muito ancioso! Eu a veria outra vez! Fui dormir muito satisfeito e agradecido a Deus por ter me proporcionado aqueles momentos. Eu estava extremamente capacitado! Eu estava decido a fazer uma mudança grande, pois são elas que vão mover o meu país pra melhor. E naquele momento eu sabia como fazer isso!
Minha delegação e Leymah Gbowee
"When spiders web united, they can tie up a lion."
Ethiopian Proverb
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