Global Changemakers!

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Man Up Young Leaders Summit 2010, Joanesburgo, África do Sul - Julho 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010 08:52 Postado por Italo Ribeiro ;)

Esteja aonde estiver, alí está você!


Foi com essa frase que deu-se início uma das mais importantes experiências da minha vida. Eu sabia que eu estava no lugar certo, no momento certo, com as pessoas certas e a razão... esta dirigia os meus pensamentos, a minha motivação e entusiasmo sobre uma causa nobre na qual estou envolvido diretamente e diretamente há mais de 15 anos! Eu estava na África do Sul, durante os jogos da Copa do Mundo. Mas em contraste com o motivo pelo qual 99,99% dos estrangeiros quem estavam naquele país no mesmo período, eu estava sendo dirigido mais uma vez pelo desejo de mudança. Eu estava sendo bombardeado com capacitação para ser aquele que vai ativar a juventude brasileira a combater a violência contra a mulher.

Tudo começou no mês de Janeiro deste ano. Recebi um e-mail de um amigo que compartilhava comigo uma oportunidade de participar de um evento internacional promovido pela organização americana “Man Up Campaign”. O evento chamava-se Young Leaders Summit (Cúpula dos Jovens Líderes) e tinha como objetivo principal reunir 200 jovens líderes ativistas com idades entre 18 e 30 anos, quem trabalham no combate a violência contra a mulher provenientes de todas as partes do mundo durante os jogos da Copa do Mundo na África do Sul. Essa data foi escolhida para trazer impactos relevantes e adquirir a mira da mídia de forma efetiva no intuito de mobilizar o mundo para o envolvimento de jovens na causa a ser abordada.







Cerca de 700 delegações (com 2 a 4 delegados) foram inscritas para participar do evento. A minha era composta por eu e meu amigo Wirlesson Falcão, Diretor Geral e Diretor de Relações Públicas da React & Change Organization respectivamente. Nós nunca haviamos nos visto pessoalmente, apenas trabalhavamos no mesmo projeto, compartilhávamos aspirações e experiências, e participávamos das mesmas redes de contatos ativistas. Esse fato fez com que adquirissimos relevante visão e credibilidade durante o evento, pois éramos os participantes mais jovens e que já possuiam um plano de ação definido e estruturado. Além da nossa delegação, tivemos mais 4 delegados selecionados. Todos eles são residentes do estado de São Paulo, enquanto eu e o Will correspondíamos pelos estados do Ceará e Amazonas. No final, todos nós formamos a maior delegação nacional do evento representando a juventude brasileira como um todo. Estou certo de que alcançamos os objetivos propostos, orgulhosamente.

Ítalo Ribeiro e Will Falcão: Delegação Brasileira representando a Organização React & Change


Entre Março e Julho passamos por um longo processo de estudo e caracterização da violência contra a mulher no Brasil, como também discutimos e definimos a situação de muitos outros aspectos que nos impediam de ter um impacto inédito em tal assunto, entre eles: A dificuldade de acesso aos líderes nacionais ou locais, a falta e conhecimento do conceito de violência nas pessoas em geral, a carência de mobilizações juvenis nacionais e de interação entre Organizações Não-Governamentais com ativistas comunitariamente baseados. A Man Up Campaign nos motivou bastante ao solicitar o preenchimento de questionários semanais sobre assuntos específicos que nos ajudariam bastante no desenvolvimento do nosso plano de ação durante o evento, como também no “abrir da nossa mente” para a reflexão do conhecimento geral que tínhamos até então. Conhecimento que não era baseado apenas na teoria, mas na prática em sua principal nuance.


Sinto-me relativamente confortável ao falar sobre minhas experiências com relação a violência contra a mulher, em especial a doméstica. Não pelo fato de ter vivenciado isso durante mais de uma década, mas por ter visto o acarretamento de soluções e superação dos indivíduos envolvidos. Tive uma parcela da minha infância bastante conturbada, compartilhando o meu lar com constantes episódios de violência física e psicológica. Meu pai era alcoólatra, considera velmente moderado. Minha mãe não trabalhava frequentemente pois tinha que cuidar das crianças. Nos deparamos com uma situação na qual meu pai ficou desempregado (e ainda está até hoje) e minha mãe teve que assumir as despesas da casa. Mas como sonhadora, ela fez muito mais do que simplesmente procurar um emprego. Ela tinha sonhos e uma visão maravilhosa das suas capacidades. Aos 30 anos de idade, minha mãe foi aprovada no vestibular para o curso de Pedagogia, após ficar 12 anos sem estudar. Ela trabalhou e estudou ao mesmo tempo. Tal esforço reconhecido por seus patrões garantiu o aumento de seu salário muitas vezes. Aquilo era demais para o meu pai. Ter nascido e crescido em uma família totalmente culturalmente machista, estar desempregado e sendo “sustentado pela mulher” eram fatos que acabaram gerando pequenas discussões inicialmente, passando para o estado de violência física, findando na suspensão dos estudos da minha mãe e da mudança desta com seus filhos para outra casa, onde tivemos que pagar aluguel e recursos financeiros extremamente limitados. As lutas continuaram por mais de 10 anos. Como crianças, eu e meus irmãos não podíamos fazer muito para evitar isso, apenas chorar ou tentar trazer algum tipo de conscentização através do nosso olhar inocente e compaixão pela nossa mãe. Hoje, EU POSSO FINALMENTE BATER NOS PEITOS e dizer que EU POSSO FAZER ALGO CONTRA ISSO, o que vai muito além do que vivi em casa.

Lucia Helena Ribeiro Alves hoje é graduada em Pedagogia e Letras com habilitação na Língua Portuguesa, Pós-Graduada e Mestra em Educação Especial. Ítalo Ribeiro Alves (Eu), sou um British Council Global Changemaker e um Man Up Young Leader, mas principalmente um defensor dos direitos das mulheres, ativista da área de capacitação juvenil através do empreendedorismo social e diretor geral de uma das primeiras ONGs totalmente lideradas pela juventude brasileira.
Assim como eu, muitas outras pessoas costumam ter ídolos para basear ou seguir um modelo de vida. Muitas delas quebram fronteiras geográficas para encontrar aquele cuja personalidade é equivalente ao que se procura. Mas se eu tivesse apenas a minha mãe, isso bastaria!




Sei que o meu caso é apenas UM dos casos ocorrentes no mundo. Mas ele foi o suficiente para me influenciar a querer mudança para todas as atuais e futuras gerações das mulheres brasileiras.

Nas postagens posteriores você poderá entender como a React & Change Organization combaterá a violência contra a mulher no Brasil. Fique ligado!

“To be a leader is all about choosing. You choose to stand up while everybody else chooses to sit down, and sometimes it comes with a cost!”
Sarah Nkhoma, Global Changemaker, Malawi

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