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Man Up Young Leaders Summit – Dia 1 (03 de Julho de 2010)

quarta-feira, 21 de julho de 2010 06:44 Postado por Italo Ribeiro ;)

Após 13 horas de viagem, eu finalmente cheguei em Joanesburgo. Tudo foi bem agradável. Tive a compania de 2 brasileiras que seriam facilitadoras no evento. Elas eram a Anouk (Diretora Executiva da ONG Caramundo) e Panmela (Fundadora da Rede Feminista de Arte Urbana Nami). Tivemos uma longa conversa sobre as expectativas, programação, entre outros assuntos relacionados ao evento e nosso ativismo. Eu já havia lido o curriculum das 2 facilitadoras, pois o time da Man Up o enviou para todos os participantes. Eu só não imaginava que elas fossem tão diferentes. Ambas residem no Rio de Janeiro e trabalham com garotas residentes em favelas no combate contra a violência doméstica através da arte do grafite, outros métodos de arte urbana e de patrocínio a jovens que fazem a diferença na sociedade com os seus projetos.


O evento aconteceria na Universidade de Joanesburgo. Fiquei fascinado com o Campus. Aliás, fiquei fascinado com a África do Sul. Eu não sabia que a cidade de Joanesburgo era tão maravilhosa. Nós brasileiros não temos muito acesso a verdadeira face da África, estando enterados sempre nos problemas que os habitantes enfrentam. No entanto, eu vi alí verdadeiros aspectos de um país em desenvolvimento. E apesar de o Brasil ser um país muito mais rico do que a África do Sul, em questões de saneamento e infraestrutura das metrópoles, a África do Sul ganha devastosamente.

Entrada Principal do Universidade de Joanesburgo



Visão exterior das salas de aula do Campus

Os coelhos dominavam todo o território da Universidade, juntamente com os mais estranhos pássaros e esquilos já vistos.

Ao chegar na Universidade fomos direcionados à recepção. Logo conhecemos as pessoas responsáveis pela seleção dos participantes e por toda a organização do evento. Karen e Aimee são duas pessoas maravilhosas. Elas foram extremamente hospitaleiras e agradáveis a nos dar todas as instruções sobre o evento. Logo fomos encaminhados ao credenciamento e em seguida aos nossos respectivos quartos. Os participantes teriam quartos duplos. Eu ainda não tinha experimentado essa situação e estava ancioso. Eu compartilharia quarto com o meu parceiro de delegação. Porém, eu fui o primeiro delegado a chegar no evento e o meu parceiro só chegaria no dia seguinte. Ao chegar no meu quarto, tirei um grande cochilo. Eu teria dormido mais do que 2 horas, se o frio não fosse outro companheiro naquele quarto.


Mapa do Campus 1 da Universidade de Joanesburgo

Tive tempo para organizar minhas ideias, traçar meus planos e estratégias e refletir bastante sobre meus planos e projetos para o evento. Lembro que pensei na sociedade brasileira e mundial sobre o tema da violência contra a mulher. Eu queria encontrar a base para que aquele problema pudesse se manifestar, mas eu sabia que a mesma base seria a plataforma de início de muitos outros problemas. Eu precisava definir isso, pois eu queria muito trabalhar diretamente na base do problema. A juventude (atual e futuras gerações) vai nos guiar ao desenvolvimento social no decorrer das próximas décadas. Se o problema ainda ocorre, é porque ainda não foram criadas estratégias que evitassem que novos perpetuadores pudessem surgir. Então faz-se notável a necessidade de reculturalização das novas gerações para que possam tornar sustentável um perfil novo adquirido através dos trabalhos realizados no presente. Tentei escolher os workshops nos quais eu participaria, mas preferi esperar o meu parceiro chegar para que pudéssemos ser estratégicos na escolha de forma que a nossa organização se beneficiasse com o maior número possível de workshops assistidos.

Logo mais a noite conheci outros delegados brasileiros: Ariel e Priscila, de São Paulo. Também conheci mais um facilitador brasileiro, Daniel Lima. Este é o representante brasileiro da campanha do laço branco (Combate a violência contra a mulher) e membro da rede Promundo. Eu sabia que se eu quisesse desenvolver um projeto no Brasil, eu estava com as pessoas certas ao meu redor. Eu precisaria aproveitar todas as oportunidades. E alí estava eu, apresentando o projeto no qual eu já estava envolvido: O Fórum Juventude por Capacitação, um evento que minha organização já estava organizando. Todos adoraram o plano e ficaram impressionados com o conteúdo apresentado. Mas principalmente pelo fato de eu ter desenvolvido o projeto sozinho e ter apenas a idade de 18 anos.

À noite tivemos um jantar maravilhoso com todos os facilitadores, organizadores do evento e um número pequeno de delegados que já haviam chegado. Entre eles estavam os seguintes países: Honduras, Uganda, Chile, Serra Leoa, Moçambique e obviamente, Brasil.

Tive uma conversa maravilhosa com a Aimee. Ela me surpreendeu com as expectativas que ela aplicou em mim. Ela disse que alguma coisa dizia para ela que nós já nos conheciamos há muito tempo. O melhor de tudo foi saber que ela lia os nossos textos e que ela ficou maravilhada com o fato de sermos tão específicos, sinceros e criativos (o Will sempre colocava as nossas fotos, o logo da React & Change e uma figura da bandeira do Brasil nos nossos relatórios). Esboçei pra ela o meu projeto e ela disse que queria muito que eu fizesse dele um projeto Man Up. Mas eu ainda tinha que pensar bastante, afinal, o meu projeto era voltado para a capacitação juvenil com empreendedorismo social e oportunidades de discussões sobre assuntos globais voltado para ações ativistas, enquanto o foco da Man Up era o trabalho com a violência contra a mulher. Felizmente, eu encontrei uma solução para as minhas dúvidas.

Depois da Aimee, veio a Karen. Nós conversamos bastante sobre o Brasil e ela riu exageradamente quando contei que eu me sentia um brasileiro frustrado pois não gostava de futebol, não sabia sambar e não apreciava a música popular brasileira. Eu confesso que ri de mim também. Aproveitei a conversa para perguntar várias coisas sobre o Man Up, iniciando pela pergunta: Por que vocês decidiram trabalhar com o foco na Violência Contra a Mulher? Recebi uma resposta bem básica mas que possibilitava reflexões abrangentes: Porque nós gostaríamos de trabalhar com um tema que atingisse várias questões em vários âmbitos como economia, política, educação, meio ambiente, etc., e acreditamos que a violência contra a mulher está diretamente conectada a todos esses outros temas. Essa resposta originou outras perguntas vindas de mim e me deu a oportunidade de refletir sobre a mesma com relação ao meu projeto. O jantar durou mais de 3 horas e depois tivemos que voltar ao Campus para dormir. Os facilitadores ainda teriam uma reunião (já era 22:00hs e não havia café disponível). Deu-se assim o fim do primeiro dia do Man Up Summit. Estávamos todos anciosos pois os outros 75 delegados chegariam no dia seguinte.



“In creating change you often have to take a step even when you don’t see the whole way. You have to keep moving even if you’re slower than you want to be. If you can’t walk, crawl, but always keep moving.”

Dr,. Martin Luther King Jr., 1960

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