Global Changemakers!

Global Changemakers!
Setting the scene, highlighting the facts!

Man Up Young Leaders Summit - Dia 6 (8 de Julho de 2010)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011 05:01 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Este dia foi maravilhoso! Tivemos as mais interativas e divertidas sessões e atividades de todo o Summit. Era uma pena que eu já conseguia sentir que o evento estava acabando. Mal poderia acreditar! Estava tudo tão perfeito que eu jamais queria que acabasse. Porém, para o meu alívio, aquele era só o final da minha primeira semana na África do Sul. Eu havia organizado passar mais uma semana na Cidade do Cabo com o meu amigo Will. Mas isso é assunto para depois.

O nosso plano de ação estava quase pronto. Só precisávamos finalizá-lo e discutir como o apresentariamos para o resto do grupo. No entanto, o dia 8 havia sido reservado apenas para o amadurecimento de ideias com relação a artes e esporte para mudanças sociais.

Iniciamos o dia super-felizes pois aquele era o dia em que bateríamos fotos paraa divulgação do evento. O nosso quarto estava uma zona de bagunça!




Não tínhamos tempo para nos organizar; rapazes super-ocupados!

Nesta manhã, eu fui convidado para dar uma entrevista no rádio como representante da Man UP. Além disso, fomos requeridos a escrever diversos "feedbacks" sobre o evento, de forma que pudéssemos causar um maior impacto no público externo da Man UP Campaign.
As nossas primeiras sessões foram maravilhosas, criativas e super-personalizadas. Eu nunca pensei que podería aprender a usar a fotografia, o futebol e o grafite - coisas tão simples e acessíveis - para promover uma mudança social incomparável.

Entre as sessões oferecidas no primeiro "round", tivemos:

1 - Integrando Lições de Mudança Social em Programação de Espoertes (Meghan Mahoney e Dave Czesniuk, Sports in Society);
2 - Usando esportes para engajar a juventude e agentes de mudanças (Victor Ochen, African Youth Initiative Uganda)
3 - Uma arena de box: Como estabelecer um papel-fundamental com autores de mudanças (Neil Weitson, The Violence Initiative);
4 - Esportes como uma ferramenta para envolvimento político masculino para combater a violência contra a mulher (Daniel Lima, The Brazilian Network of Men for Gender Equity);
5 - Usando "freestyle" e improvisação para lutar a violência contra a mulher (Toni Blackman);
6 - Fotografia como uma ferramenta de cura (Sue Jaye Johnson, Journalist and Adj. Professor, Columbia University);
7 - Teatro participatório (Petna and Sekombi Katondolo, Yole! Africa);
8 - Produção Visual e Disseminação de Ativismo Social (Victor Ombonya, Film Aid);
9 - Grafite - Uma ferramenta para comunicar sobre violência doméstica (Panmela Castro and Anouk Piket, Caramundo).

Ficamos na sessão 6! Foi maravilhoso! Aprendemos a usar a fotografia como uma ferramenta para mudar as relações sociais e como forma de expressão. De acordo com a professora Sue, há vários projetos nos Estados Unidos nos quais a única atividade empreendida é a fotografia como forma de expressão, desabafo e reestabelecimento da auto-estima das mulheres, garotas e outros jovens vítimas da violência contra a mulher. Além de um simples clique, fotografar significa se relacionar com o meio ambiente e com as pessoas; é tentar encontrar o melhor ângulo para expressar o que você sente; é reconheçer o seu semblante e como você precisa mudá-lo para mudar a sua vida.
Tivemos câmeras fotográficas emprestadas e fomos divididos em duplas para fotografar todos os outros participantes, e tirar fotos criativas a serem usadas pela organização do evento em um projeto no qual trabalhavam. À princípio, eu pensei que as fotos deveriam mostrar alguma característica nossa relacionada à personalidade ou ativismo. Logo depois, descobri que tinhamos apenas que fotografar, sem organizar ou planejar nada. Apenas fotografar! E assim fizemos:









Foi muito legal poder conhecer ainda mais os outros delegados.

Infelizmente, devido ao atrazo que tivemos nas sessões matutinas, a MAn UP teve que cancelar uma das palestras mais interessantes e uma discussão para qual eu havia sido convidado: Trabalhando com homens e garotos!

Almoçamos e logo embarcamos em mais uma sessão de atividades:

1 - A abordagem MPV e Bystander: Ensinando atletas a agir (Meghan Mahoney and Dave Czesniuk, Sports in Society);
2 - Documentanto uma comunidade com fotografias e palavras (Sue Jaye Johnson, Journalist and  Adj. Professor, Columbia University);
3 - Documentário ativista (Petna and Sekombi Katondolo, Yole! Africa);
4 - A canção da liberdade: O poder da palavra escrita e falada (Sara Marie Ortiz, MFA and Indigenous People Advocate);
5 - Mais do que um simples jogo: Resolvendo conflitos através do futebol (Jon McCullough, United States Soccer Federation).

Eu não gostei muito da sessão na qual participei, a número 4. Perdemos muito tempo com demonstrações e pouco aprendizado foi estimulado. Não tivemos muitas oportunidades de discussão e tive a impressão de que eu não poderia aplicar aquilo no meu plano de ação. Ainda assim, procurei extrair o melhor possível do momento.

Logo a tarde, tivemos uma palestra super-interessante e mais geral sobre o tema: Esportes, jogos e artes como ferramenta de mudança social. Eu estava achando tudo muito proveitoso e logo quis incluir isso no meu plano para a "React & Change". O Summit estava sendo muito valioso e certamente eu aproveitaria todo aquele conhecimento em um projeto a ser desenvolvido pela minha delegação.

No mesmo dia, eu recebi um convite do British Council para agir como facilitador brasileiro no Latin America & Caribbean Youth Summit (Encontro de Empreendedores Sociais Juvenis da América Latina), onde eu lideraria várias delegações de participantes, palestras e ajudaria na organização do mesmo, através de logística e composição de programação. Fiquei bastante feliz, uma vez que eu já poderia aplicar o meu conhecimento adquirido no Man Up Summit para advogar pela Igualdade de Gênero em mais uma oportunidade e transmitir o meu ativismo para outros jovens que estavam iniciando as suas trajetórias como Global Changemakers. Eu mal podia esperar :D

Bom, o dia 8 estava acabando. Jantamos e logo fomos direcionados para um cinema local onde assistimos a um documentários ultra-maravilhoso sobre a Escravidão Moderna, com uma documentarista americana e seus registros sobre o tema na Índia, Colômbia e França. De acordo como documentário, as atuais situações de escravidão registradas pela comunidade de Direitos Humanos Internacional são: o trabalho escravo original propriamente dito, com baixas condições de vida digna, higiene, altas horas de trabalho e tortura; a prostituição infantil e o abuso infantil em trabalhos domésticos, a partir de promessas de melhoramento de vida em países desenvolvidos e o tráfico de drogas imposto na Colômbia.

O documentário contava com depoimentos  e imagens de pessoas que já foram expostas a tais tipos de trabalhos. Na Índia, a documentarista mostra a história de uma comunidade muito pobre de pessoas que trabalhavam na fabricação de tijolos de areia. Estas pessoas eram obrigadas a trabalhar por 15 horas diárias, na posição "acocorada", em uma temperatura de mais de 30º C. Além disso, o trabalho era de certa forma perpetuado através das futuras gerações, uma vez que as pessoas eram ameaçadas de morte caso considerassem desistir do trabalho. Este merecia um adjetivo bem pior do que "horrível". As pessoas ganhavam menos de 1 dólar diariamente por um exercício ilegal, que existia mais do que a força física. Ao mostrar as casas dos trabalhadores, a documentarista abre as portas para mostrar a caótica situação da verdadeira pobreza: Necessidades fisiológicas espalhadas pela casa, feijão como a única forma de alimentação, água barrenta para beber, crianças doentes, insetos pairando pela região; além disso, pessoas sem perspectivas de futuro, auto-estima ou qualquer outra noção de valorização. Logo relacionei o que vi ao filme "Quem quer ser um milionário?". A Índia realmente precisa de ajuda!

No caso francês, fomos contados uma história sobre uma garota egípcia que foi vendida pelo seu pai para uma mulher francesa que prometia um futuro excelente através da educação. Ao chegar no Egito, a garota foi aprisionada em uma casa por 17 anos, aonde tinha que limpá-la completamente 3 vezes por dia, não tinha direito a estudar ou fazer amigos e nem a sair de casa. No depoimento, a vítima conta que sofreu agressões físicas e psicológicas massacrantes. Foi devido a uma oportunidade e força de vontade que ela decidiu denunciar a agressora, quem foi absolvida temporariamente das acusações. Porém, ela atualmente responde a um processo jurídico. Em um momento, a vítima foi convidada a passar em frente à sua antiga casa. Ela não consiga sequer olhar para a casa, pois conforme dizia, tinha vontade de chorar e se esconder.

Os participantes tiveram a oportunidade de conversar com tais pessoas e de conheçer a documentarista do filme. Foi uma experiência única e bastante informadora que levarei pro resto da minha vida. A Escravidão Moderna ainda é um problema grave, principalmente no Brasil, onde as mulheres e homens são obrigados a submeter-se a humilhações e situações como as expostas acima. No Pará, por exemplo, a escravidão moderna é estampada e facilmente encontrada; mas, dificilmente combatida pela polícia. No Amazonas, especificamente nas fronteiras entre o país e o Peru, há muito abuso sexual de crianças. Situações que precisam ser mudadas e alertadas à comunidade nacional. Por isso, decidi promover um diálogo sobre isso através do meu projeto. A juventude brasileira precisa aprender sobre o que realmente acontece no Brasil em termos de desvalorização dos direitos humanos.

Encerrar o dia com esse magnífico aprendizado foi essencial. Fui super-inspirado e saí do cinema com a minha cabeça cheia de ideias sendo trabalhadas pelo meu cérebro empreendedor.


Man Up Young Leaders Summit – Dia 5 (7 de Julho de 2010)

segunda-feira, 26 de julho de 2010 08:02 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Já era quarta-feira. O Summit só estava na metade da sua programação e as surpresas e aprendizado já foram supremas. O dia 7 marcava o início dos workshops profissionais. A delegação brasileira dividiu a participação nos workshops de forma que todos se beneficiassem de uma forma completa. A lista dos workshops para o primeiro horário do dia era:


10:15 – 11:45

1. Construindo e Mantendo Parcerias e Colaborações (Jenny Karp, Social Solutions);

2. Aprimorando o seu pitch (Sue Jaye Johnson, Journalist and Adj. Professor, Columbia University)

3. Advocacia Móvel – Campanhas SMS (Ssozi Javi, Women’s Network of Uganda)

4. O Modelo Parceria Educional (Jean-Marie Nkurunziza, Sonke Gender Justice Network)

5. Maximizando o Poder da Tecnologia e Mídia Social para Suportar a Sua Causa (Ian Schuler, National Democratic Institute);

6. Abordagens Baseadas em Filmes para Efetiva Comunicação (Victor Ombonya, Film Aid);

7. Radio Advocacia – Encontrando sua voz (Sara Marie Ortiz, MFA and Indigenous People Advocate);

8. Indo ao vivo com sua mensagem: Como trabalhar efetivamente com jornalistas (Ida Jooste, Internews Kenya);

9. Você pode publicar – Uma ação aprendida (Sarah Mohazzebi, Journalist);

10. Arrecadação de fundos criativa (Jessica Greer Morris, Project Girl Performance Collective, Man Up);

11. Crescendo com seu programa para outras localidades (Neil Watson, The Violence Initiative)



Will e eu fomos para a sessão número 10. A propósito, essa sessão foi a mais criativa, interativa e prazerosa de todas. Jessica disponibilizou materiais e dicas fundamentais no trabalho para a arrecadação de fundos. Ela deixou bem claro que: Fundraising não é conseguir o dinheiro, mas todo o processo que se leva até chegar a ele. Ela deu vários exemplos e métodos de como fazer um efetivo fundraising e como deixar as pessoas interessadas pelo seu projeto. Ela ficou maravilhada quando contei a história de que eu consegui o cartão-contato de Melinda Gates (Esposa do Empresário Milionário Bil Gates e Diretora da Melinda e Bil Gates Initiative, nos Estados Unidos. Muitos dos outros participantes ainda não tinham experiências com isso, mas tenho certeza de que depois desse workshop eles já tinham várias ideias. O mesmo aconteceu com o Will e eu. Antes mesmo do workshop acabar, nós já estávamos quase na sexta página de anotações sobre como aprimorar o nosso projeto e conseguir fazer um fundraising efetivo. Caracterizamos uma estratégia forte para aplicar na React & Change, além de identificar vários defeitos na nossa estratégia anterior. O workshop sobre fundraising foi um dos mais importantes para trazer uma nova motivação e mostrar a nossa capacidade em alcançar passos difíceis na realização de um projeto nacional, e que muitas vezes geram medo em iniciantes.




Delegação Brasileira e Jessia Moris

Após esse workshop tivemos um agradável almoço com o grupo BLACK SONSHINE. Também aproveitamos para compartilhar o que aprendemos com os outros delegados.

Tivemos outros workshops pela tarde

13:15 – 14:45

1. Organizando uma campanha focada na juventude (Dana Podmolikova, Peace and Child International);

2. Bases de Advocacia (Sandra Sirota, Advocacy Lab);

3. O modelo parceria educacional (Jean-Marie Nkurunziza Sonke Gender Justice Network);

4. Além das margens – garantindo total envolvimento comunitário (Margaux Delotte-Bennett, Sasha Bruce Youthwork);

5. Movimentos Sociais Online (Ian Schuler, National Democratic Institute);

6. Crescendo o seu programa para outras localidades (Neil Watson, The Violence Initiative);

7. Você pode publicar – Uma ação aprendida (Sara Mohazzebi, Journalist);

8. Eles e nós: Uma viva conversa entre delegados e jornalistas – Como trabalhar juntos (Ida Jooeste, Internews Kenya);

9. Conduzindo necessidades relacionadas a violência contra a mulher (Jenny Karp International Public Health Initiatives);

10. Radio na Estrada: O diário da AIDS de Thembi como um modelo para diálogo comunitário (Sue Jaye Johnson, Journalist and Professor, Columbia University);

11. Abordagems inovadores para construir uma campanha nacional (Ms. Goodness Zulu, Film and Publication Board of South Africa)



Nós participamos do Workshop #1. A palestrante era uma garota muito jovem e possuia uma vasta experiência em eventos grandes juvenis. Ela é uma das organizadoras do World Youth Congress, que acontecerá na próxima semana na Turquia. Ela nos ajudou a estruturar métodos para sermos bem-sucedidos na construção de uma campanha voltada para a juventude. No final do workshop ela avaliou o nosso pitch e disse qual tipo de projeto ela não patrocinaria naquele momento.



Ainda tivemos um terceiro período de workshops:

15:00 – 16:30

1. Organizando uma Campanha Focada na Juventude (Dana Podmolikova, World Youth Congress);

2. Escrevendo Propostas para Projetos sobre Violência Contra a Mulher (Susanna Nemes, Social Solutions International);

3. Bases de Advocacia (Sandra Sirota, Advocacy Lab);

4. Radio Advocacia – Encontrando sua voz (Sara Marie Ortiz, MFA and Indigenous People Advocate);

5. Indo ao vivo com sua mensagem: Como trabalhar efetivamente com jornalistas (Ida Jooeste, Internews Kenya);

6. Abordagem beseadas em filmes para efetiva comunicação (Victor Ombonya, Film Aid);

7. Atirando para vencer – Fazendo um impacto estratégico com programas de mudança social (Meghan Mahoney and Dave Czesniuk);

8. Hip Hop, Advocacia e Mudança Social (Toni Blackman);

9. Advocacia Móvel – Campanhas SMS (Ssozi Javi, Women’s Network of Uganda);

10. Do entrevistador ao entrevistado: Como efetivamnte comunicar sobre questões sensíveis e histírias em Jornalistmo (Sara Mohazzebi, co-led with Lovetta Conto, delegate).



Eu participei da sessão #2 e Will participou da sessão #8.

Na minha sessão, tivemos a oportunidade de detalhadamente saber como escrever uma proposta sobre projetos e como abordar possíveis parcerias e patrocinadores. Recebemos um material necessário para isso e conseguimos adquirir um conhecimento importante para a concretização de tais estabelecimentos de parcerias. Nunca pensei que esse processo fosse tão complexo. Mas é necessário ter um preparo físico e psicológico para estudar a sua proposta e estruturá-la de acordo com os passos aprendidos. Tal atividade demanda um grande espaço de tempo e dedicação, pois a análise e leitura continua da proposta são fundamentais. Aprendemos como iniciar a proposta, avaliar, estruturar, formatar, contextualizar e garantir que ela será lida e retornada com resultados, sejam eles positivos ou negativos.

Will participou do sessão sobre hip-hop.Como relatador por ele depois, foi uma sessão muito prazerosa. Os participantes criaram 2 músicas que seriam apresentadas no dia seguinte para todos os outros delegados. Além disso, a palestrante, quem era uma cantora profissional de hih hop, fez várias performances e estimulous os delegados a participarem de suas músicas. Deve ter sido muito divertido.

Após as sessões, nós estávamos cheios de energia, capacitação e motivação para trabalhar nos nossos projetos. Então, aí fomos nós! Chegou a hora do Planejamento de Ação (Fase 3). Will e eu já estávamos bem avançados devido aos nossos encontros e planejamentos extras. Adaptamos o nosso Fórum Juventude por Capacitação ao tema: Juventude Unida por um Ponto Final à Desigualdade de Gênero. Justificamos todos os passos com os nossos estudos sobre o problema no Brasil e estávamos felizes. Finalmente achamos o foco correto para o desenvolver do projeto que a React & Change vinha planejandpo há 8 meses. Estávamos quase prontos para a apresentação final. Só precisávamos finalizar tudo e trabalhar no que falaríamos no Sábado.

Logo mais a noite, durante o janter, tivemos a oportunidade de ouvir os talentos dos delegados. Muitos deles eram cantores, atores, músicos, poetas e até místicos. A noite foi incrivelment agradável. Fomos surpreendidos pelas expressões e vozes de alguns delegados e pudemos admirar a beleza da melodia de músicas tocantes e inspiradoras.


Facilitadora apresenta o seu poema indígena


Brasileira naturalizada Holandesa e atual moradora da África do Sul surpreende a todos com a sua voz maravilhosa!



Sulafricana apresenta sua poesia + música!



Interpretação e poesia inspiradora da convidada especial da noite.




A Apresentadora do Festival, Emcee Toni Blackman, apresenta a sua música Hip Hop.



Gostei muito daquele dia. Foi repleto de aprendizado. O dia seguinte seguiria a mesma estrutura e estaria cheio de surpresas! Fiquem ligados!

Man Up Young Leaders Summit - Dia 04 (06 de Julho de 2010)

sexta-feira, 23 de julho de 2010 07:18 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Ainda movido pela maravilhosa noite anterior, acordei super bem humorado e ancioso para o início das atividades. Eu estava muito feliz pois Leymah estaria conosco novamente no dia de hoje, além de muitas outras pessoas importantes.


O café da manhã foi bem rápido pois acordei um pouco tarde nesse dia. Fui diretamente para o Centro Estudantil onde estavam todos esperando pela primeira palestra começar. Para a minha surpresa, a primeira palestrante era nada mais nada menos que a diretora geral da UNIFEM na África do Sul Ms. Nomcebo Manzini. Nossa, uma representante da ONU estava na minha frente.

A palestra dela foi maravilhosa. Ela foi bem realista quando falou dos problemas que as mulheres enfrentam na África do Sul e como a ONU tem agido para remediá-los. Além disso, falou sobre todas as atividades da UNIFEM e como conseguir o suporte dela para projetos novos. Foi ótimo saber disso, pois tentarei contato com a UNIFEM para o desenvolvimento do meu projeto no Brasil. O Summit estava me surpreendendo mais e mais!


As 2 delegações brasileiras com Ms. Nomcebo Manzini, diretora da UNIFEM



A sessão que seguiu essa palestra foi muito importante em geral, no entanto eu não gostei muito da forma como ela foi ministrada. O tema era: Usando Monitoração e Avaliação para Aprimorar Programas de Abordagem da Violência Contra a Mulher. Os slides estavam relativamente cheios de conteúdo. Mesmo assim a sessão foi mais baseada na tiragem de dúvidas ao invés de nos informar primeiramente. No entanto, com as dúvidas foi possível aprender muito e também esclarecer algumas dificuldades que eu estava enfrentando e que enfrentaria futuramente se não tivesse conhecimento de todos aqueles processos. As palestrantes Jenny Karp and Susanna Nemes, do Social Solutions International, disponibilizaram um material impresso maravilhoso que esboçava passo a passo como avaliar um programa com sucesso. Além de toda a teoricidade da palestra, participamos de um jogo de VERDADEIRO ou FALSO, o qual foi muito engraçado. As perguntas eram relacionadas à violência contra a mulher e métodos de avaliação de programas. Após a nossa decisão sobre cada pergunta, algumas pessoas eram perguntadas pela razão da mesma. Muito interessante!


Delegados participando do jogo VERDADEIRO ou FALSO da sessão sobre avaliação e monitoramento de projetos relacionados a violência contra a mulher.



E então veio o momento mais esperado por mim... A oportunidade de ouvir Leymah Gbowee novamente! Repetindo o episódio anterior, ela me deixou novamente sem palavras com seu discurso. Ao contar diversos fatos ocorridos na sua vida de ativista ela provou para todos nós que não importa quem você é, o que as pessoas pensam de você, o que você sabe, mas o que você vai fazer... Isso é importante! A teoria é ótima e ajuda bastante, mas sem prática ela é absolutamente descartável. Com base nisso entendemos através da fala de Leymah o verdadeiro significado de ser uma Man Up ou de ter um Man Up. Man Up é a oportunidade de transformar teoria em prática sem perder sua essência. Para exemplificar isso, Leymah contou um fato que ocorreu com ela:

Uma vez estava em Washington DC., USA, durante um jantar com mulheres chefes de estado e governo. Ela disse que pegou-se destraída por um momento quando visualizou os filhos de algumas mulheres brancas maltratando as filhas de algumas mulheres negras. Ela assistiu atentamente enquanto a sua indignação crescia mais e mais. Então como gota d’água, ela ouviu o menino dizer: Você não é nada garota, você é negra! A garota ficou muito triste enquanto a sua amiga zombava dela ao invés de protegê-la. Naquele momento Leymah pediu com licença, levantou-se da mesa do jantar e foi de encontro a aquelas meninas. Primeiramente ela confortou a garota. Segundo , ela confrontou a amiga da garota que dizia-se melhor amiga mas no momento difícil preferiu gargalhar ao invés de ajudar a amiga. Terceiro, ela foi de encontro aos garotos que estavam no andar de cima do prédio onde estava, falou sermãos maravilhosos e os deixou com semblante de choro. Após isso percebeu que as garotas vieram brincar com os meninos novamente e ficou indignada também. Falou para elas se darem ao respeito e identificar que o que aquele menino fez alí poderia não ser encarado como algo esquecível no futuro. Após isso, voltou a mesa de jantar. Lá, as suas amigas estavam espantadas com o que ela fez e pediram uma explicação. Então ela disse: Queridas, não importa quem eu sou. Eu posso estar aqui com chefes de governo falando sobre política e economia internacional, mas quando o dever me chama o meu Man Up aciona e eu Man Up (Stand Up) automaticamente sem medo de reprovações. Aquela garota precisava saber que aquilo não poderia continuar acontecendo e aqueles garotos precisavam ouvir umas verdades. Ao fechar a boca, foi aplaudida.

Lembro que ela contou que só existem 2 fatos na sua vida que fizeram-lhe se arrepender. Certa vez ela disse que estava de visita a um vilarejo muito pobre em Moçambique e encontrou uma garota que morava na rua, tinha perdido os seus pais, não tinha casa, não tinha roupas, há mais de 1 mês não tomava banho e era constantemente agredida pelas pessoas que tinham preconceito. Leymah, durante sua estadia naquele lugar, deu tudo o que aquela garota não tinha. Mas o dia de deixar o vilarejo chegou, e no momento em que saiu com suas malas a garota agarrou-a com toda a sua força e no choro mais profundo pediu para que ela não a deixasse. Ela implorava com um choro ardente. Mas Leymah simplesmente disse: Eu não posso fazer mais nada. E depois disso saiu. Leymah lamentou esse fato muito emocionada e disse que até hoje pensa naquele rostinho frequentemente e nunca mais ouviu falar daquela garota. Mas sabe que aquele vilarejo foi alvo de um grande conflito armado algumas semanas após a sua saída do mesmo.

O outro episódio também foi parecido. Ela ajudou um garoto e apegou-se muito a ele. Mas Leymah já tinha 5 filhos e não tinha condições de criar mais um. O dia de “deixar” também chegou e assim ela fez. Novamente ela falou que pensa naquele garoto constantemente e que nunca mais ouviu falar nele.

Foram esses dois fatos que fizeram com que Leymah adquirisse o seu Man Up e hoje ser a pessoa que defende crianças como aquelas quem rejeitou. Eu estava muito emocionado. Assim como todos os outros.

Ao perceber nossos rostos tristes Leymah decidiu contar um episódio atual da sua vida. Após ter vencido a ditadura do seu país, ela contou que a apresentadora de TV americana Oprah a convidou para passar o fim de semana na sua casa. No entanto, ela tinha uma reunião marcada com algumas garotas de sua comunidade na Libéria. Leymah disse que sua filha, ao receber a notícia sobre o convite, disse:

WHAT? Oprah? OOOOH MY GOD! Oprah! Mom, those girls will always be there! But Oprah? OH MY GOD!

Leymah disse que também uniu-se ao choro de sua filha dizendo: YES BABY! OH MY GOD! That’s OPRAH! Mas eu tenho um encontro marcado com aquelas garotas e não posso desapontá-las.

Essa era outra lição ensinada por Leymah: Você pode estar em qualquer lugar, ou talvez no topo da montanha, mas nunca esqueça do seu primeiro impulso, pois foi ele quem garantiu sustentação para você alcançar o topo. Ela disse claramente para todos nós: Nunca esqueçam as suas raízes! Pois elas são as suas essências. Ao calar-se, uma onde de aplausos iniciou-se espontaneamente e assim Leymah terminou sua palestra.


Leymah Gbowee em seu discurso final



Eu realmente espero que possa encontrar com aquela mulher novamente em algum tempo ou algum dia da minha vida...


Dando continuidade à programação do Summit, nós participamos de mais uma sessão muito importante: Segurança e Responsabilidade em Publicar a Questão da Violência contra a Mulher, Ida Jooste e Andre Smith, Internews Network. Esta sessão foi muito cômica. Aprendemos como analizar textos jornalísticos e suas mensagens impactantes sobre o assunto. Analizamos desde as fotografias, formatação e conteúdo dos textos. Após isso, participamos da elaboração de uma matéria de jornal em grupo. Os palestrantes seriam os jornalistas e nós teríamos que convencê-los de que eles deveriam trabalhar na nossa matéria. Como jornalistas profissionais, assim eles agiram. O plano da minha equipe foi o seguinte...

Nós tinhamos uma organização que criou um número de telefone público para receber pedidos de socorro ou alertas sobre violência. Certo dia, uma criança liga para a organização relatando tudo o que estava acontecendo. A funcionário, a principio, acreditou que era um trote mas preferiu dar credito àquela ligação, solicitando que uma viatura da polícia fosse até o local. O fato era verdadeiro! A funcionária ficou famosa por ter ajudado a criança e a salvar a sua mãe da violência que sofria. Então, o jornalista gostaria de fazer uma entrevista com a funcionária no período de trabalho dela através do telefone. Nós teríamos que articular uma entrevista bem sucedida.

O nosso trabalho não foi o ganhador da matéria no final da sessão, mas foi o único que fez com que os jornalistas decidissem que aprofundariam-se nas atividades da organização e que marcariam um encontro com a funcionária para maiores detalhes sobre as suas especificidades. Ressaltaram que: Isso raramente acontece.

Logo após essa sessão, tivemos mais tempo para trabalhar nos planos de ação. Fomos introduzidos ao plano de estratégias e uma dinâmica interessante. Fomos divididos em 5 grupos. A palestrante nos deu 4 figuras de ‘A’ com as seguintes palavras: Awareness, Action, Advocacy and Activism (Conscientização, Ação, Defesa e Ativismo). Teríamos que arrumar um método de equilibrar as figuras de forma que a figura com a frase: Man Up Stop Violence Against Women. No entanto, os membros de cada time tinham limitações. Alguns não podiam falar, outros não podiam tocar nas peças, outros podiam tocar apenas com o braço esquerdo, outros apenas com o direito e outros não tinham limitações. Em 1:30 segundos...



Nós Conseguimos!

Depois disso, voltamos para o trabalho. Will e eu agora tinhamos que identificar as fraquezas e forças do nosso projeto, estratégias e táticas a serem tomadas e as nossas metas. Como o conteúdo era bastante grande, decidimos continuar a nossa discussão após o jantar.


Delegação Brasileira e Sandra Sirota, Palestrante dos Planejamentos de Ação


Após essa sessão, fomos ao jantar que aconteceu no edifício Benjemin na própria universidade de Joanesburgo. Provamos do sanduíche do restaurante Português mais famoso da África do Sul e Portugal: O Nando’s. O sanduíche era muito apimentado, mas gostoso mesmo assim. Tivemos o prazer de ouvir uma cantora africana fazer sua performance para todos durante o jantar. Foi muito agradável.

Will e eu discutimos bastante sobre o nosso projeto após o jantar. Estávamos cheios de surpresas!

 Fiquem ligados para saber quais surpresas eram aquelas!

Man Up Young Leaders Summit – Dia 3 (5 de Julho de 2010)

quinta-feira, 22 de julho de 2010 08:05 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Acho que este foi o melhor dia do Summit, ou talvez um dos melhores. A Man Up Campaign não poderia ter feito uma programação melhor para o evento. Seria a primeira vez que finalmente estariamos todos reunidos. Os delegados já haviam chegado e estavam prontos para iniciarem as atividades oficiais do Young Leaders Summit.

Após um ótimo café da manhã fomos encaminhados ao centro estudantil onde ocorreria todo o evento ao longo da semana. Como primeira atividade fomos introduzidos ao time Man Up composto por Jimmy Briggs (Diretor Executivo e Co-Fundador), Karen Robinson (Diretora Administrativa), Aimee Le (Diretora de Programas), Jessica Morris (Diretora de Comunicações), Fred Sullivan (Gerente de Mídia), Patrick Phelan (Diretor Criativo), Kristin Haffert (Consultora de Fundos), Bruce Richman e Jessica Houssian (Sócios de Desenvolvimento Estratégico). Foi emocionante ver todo esse time emocionado e feliz ao estar concretizando um sonho. Poder ver o Summit sair do papel deveria ser algo incrivelmente fascinante para aqueles líderes sonhadores. Antes éramos apenas e-mails e nomes, agora eles estavam frente a frente com os jovens líderes que eles selecionaram e mantiveram contato por mais de 5 meses. Karen left me very emotional by her inspiration and passion to work on violence against women and to promote such a great event like that. Além daquele momento especial, também fomos introduzidos para as regras do evento como horários, programação oficial, etc.

Logo em seguida, Aimee dividiu o grupo de delegados em 2 subgrupos: A e B. Os delegados brasileiros ficaram no grupo B. Fomos diretamente para o nosso primeiro workshop: Introdução ao Planejamento de Ação (Fase 1), ministrado por Sandra Sirota (Representante do Advocacy Lab). Aquele foi o nosso primeiro contato com o nosso plano de prática. Deveríamos alí desenvolver os projetos que idealizamos de forma efetiva, correta e inovadora para que pudéssemos aplicá-los nos nossos países quando voltarmos. Participamos de algumas dinâmicas para a apresentação do grupo e das questões com relação a violência contra a mulher mais priorizadas por cada participante. No meu caso: Exploração Sexual e Tráfico Humano; No caso do Will: Violência Doméstica. Também recebemos alguns formulários para preencher com informações sobre o nosso projeto como: Definição do Problema, Metas, Forças e Fraquezas, Estratégias, Táticas, Comunicação, Recursos de Administração, Medidas e Documentação e Cronograma. Minha delegação logo ficou muito íntima destes formulários, cmo também de todas as orientações que recebemos. Então, iniciamos o trabalho...

Delegação Brasileira em Discussão sobre seu Projeto



Tentamos definir o problema primeiramente. Como representávamos 2 delegações brasileiras, obviamente tínhamos focos diferentes e planos para projetos diferentes. A minha delegação decidiu focar na Desigualdade de Gênero, pois acreditamos que apesar dos avanços que a população feminina adquiriu no decorrer das últimas décadas, ainda existem incontáveis fatores que as deixam invisíveis de alguma forma. Dentre tais fatores destacamos cultura, fator econômica, jornada histórica, sociedade, etc. Além disso, a desigualdade de gênero pode ser uma plataforma base para vários outros tipos de violência se manifestarem, como: Homofobia, Machismo, Intolerância Social, Credibilidade Profissional, Acesso à Educação, Apatia Feminina, Violência Doméstica e Simbólica, Exploração Sexual e Pobreza. Todos esses problema não andam sozinho, logo veio até a minha cabeça a conclusão: Se mesmo com a abordagem da mídia, a disseminação de casos de violência contra a mulher remediados e criação de leis de defesa da mulher, as pessoas ainda não foram reculturalizadas e a violência continua a acontecer, provavelmente estaríamos trabalhando no grupo social errado. Logo, é inferível que os principais perpetuadores de tal violência pertencem a atual geração: Jovens!

Pronto! Will e eu decidimos trabalhar no combate contra a desigualdade de gênero através da juventude. Mas como faríamos isso? Levamos o resto do dia inteiro refletindo sobre o assunto e chegamos a muitos outros problemas diretamente ligados a situação da violência de gênero e juventude no Brasil. Além disso aprimoramos nossas ideias nos dias seguintes. Vocês saberão sobre o nosso trabalho passo a passo. Para isso, leiam as próximas postagens.

A sessão seguinte era muito importante: Fundamentos de Tecnologia e Mídia Social para Mudanças, ministrada por Ian Schuler do Instituto Nacional Democrático. Aprendemos como a mídia pode impactar a sociedade e trazer mudanças. Foi uma sessão bem interativa além de altamente recomendada pelo time Man Up.

Após o almoço tivemos o privilégio de contar com a princesa de ninguém mais nem menos que... A PRINCESA DA ÁFRICA DO SUL IVONE CHAKA CHAKA. Nossa, eu nunca imaginei que fosse conhecê-la. Não foi simplesmente uma oportunidade de vê-la,mas a chance de ser inspirado por sua história e suas ações na África e no mundo. Ivone foi uma mulher que lutou pelo seu país e venceu todos os estereótipos que a sociedade implementou para as mulheres durante a sua juventude. Ao lutar por um país mais justo, venceu a pobreza e a desvalorização da mulher. Tornou-se cantora e assim foi reconhecida nacionalmente por seus esforços e músicas que abordavam as questões sociais e políticas de seu país. Tudo isso com um tom de leveza e inocência da mulher africana. Uma mulher altamente autêntica! Fomos enterados sobre o seu novo projeto: Ivone agora está na luta contra o tráfico de mulheres e exploração sexual na áfrica. O seu símbolo é o cartão vermelho. Ele pode simbolizar muito mais do que uma advertência, proibição ou expulsão. Pode simbolizar mobilização e urgência. Isso é o que nós precisamos para combater tais questões. Em menos de 30 minutos de palestra, estávamos todos boquiabertos com tanta experiência e tal trajetória de luta. Logo depois, tivemos o prazer de ouvi-la cantar uma das músicas de seu vigésimo primeiro álbum. Foi maravilhoso! Tivemos ainda oportunidades de falar e registrar fotografias com ela. Particularmente eu pude me apresentar pra ela e explicar o meu trabalho. Ela me parabenizou e disse que no processo de criação de mudanças, as pessoas acordam desde cedo. Parabenizou-me por ter apenas 18 anos e começar a luta aos 15, e ressaltou que eu já havia quebrado fronteiras imensas para concretizar tal luta. Escutar isso de uma líder global foi altamente gratificante. Ela fez-me ver que apesar de estar alí, eu não era um líder global. E realmente eu não sou! Mas eu posso ser aquele que pode preparar o caminho para os futuros líderes globais. E essa tarefa basta para mim!

Delegados Man Up com Ivone Chaka Chaka segurando o Cartão Vermelho de sua Campanha!


Delegação Brasileira (Will e Eu) com Ivone Chaka Chaka e seu parceiro


Ivone Chaka Chaka, Princesa da África do Sul

Após imenso processo de aprendizado, tivemos um momento coffee-break o qual Will e eu utilizamos para compartilhar o quão impactados estávamos com Ivone. Após o chá, tivemos mais workshops para ir. O primeiro deles foi: Violência Contra a Mulher ao redor do mundo – Conhecimento Fundamental, ministrado por ADEYINKA Akinsulure-Smith e Hawthorne Smith, Bellevue-NYU Program for Survivors of Torture. Nessa sessão fomos bombardeados com novo conhecimento sobre violência contra a mulher através da exposição de dados estatísticos, casos reais, leis existentes e muitas outras ferramentas que puderam nos ajudar com a caracterização dos problemas que estávamos combatendo. Adicionalmente fomos confrontados por debates sobre o nosso próprio conhecimento do que consiste violência contra a mulher nas nossas opiniões. Acredito que essa sessão foi uma das melhores de todo o evento pois tudo foi muito bem organizado para facilitar o nosso entendimento. O grupo Man Up está de parabéns!

Como é a questão da violência contra a mulher no seu país? Por que isso acontece? Como combater?

Pronto, terminavamos alí o primeiro dia de workshops do Summit. Não sabiamos o que nos esperava para a noite. Fomos direcionados a uma van que nos esperava e nos levou até um restaurante-cinema que estava reservado para a Man Up. Lá tivemos a oportunidade de jantar, conversar e curtir uma boa música africana enquanto o time Man Up preparava para nós uma surpresa. Na verdade, era uma meia-surpresa! Nós sabiamos que assistiriamos a um filme. Sabiamos até o nome do filme e quem estaria conosco. Mas só conheciamos os nomes até então.

Fomos reunidos em uma sala para assistir ao filme. Jimmy Briggs introduziu as convidadas e o filme: Pray the Devil Back to Hell (Ore para o Diabo de Volta ao Inferno), com a diretora de filmes Abigail Disney e Leymah Gbowee, Co-Fundadora e Diretora Executiva da Mulheres em Paz e Rede de Segurança da África (Women in Peace and Security Network – Africa WIPSEN). Esta seria uma das mulheres mais especiais que já conheci em toda a minha vida. Um verdadeiro exemplo de defensora e humanitária.

O filme relata a história de um grupo de mulheres comuns – Muçulmanas e Cristãs, Ricas e Pobres - que reuniram-se quebrando todo tipo de barreira cultural para trazer paz para seu país, no caso Liberia. Naquela época, Liberia enfrentava um período de inferno causado pelo atual presidente do país através de guerras, matanças, repressão social, ditadura, etc. Aquelas mulheres não aguentavam mais viver na fome, ver seus filhos e maridos matar e morrer simplesmente pelo fato de serem influenciados para fazer aquilo tudo. Então, Leymah decidiu mobilizar as mulheres da sua igreja para trabalharem por paz no seu país. O movimento começou apenas com encontros na igreja para discutirem sobre como poderiam trazer conscientização para o presidente. Após isso, todos os dias elas passaram a vestir camisas com mensagens de paz, acessórios de roupa brancos e sentar na beira da estrada onde o presidente passava com seus seguranças todos os dias. Elas fizeram isso por mais de 2 meses, continuamente. No entanto, passaram o mesmo período sem respostas. Então, indignadas com o fato de não terem voz, elas decidiram juntar dinheiro entre si para mandar algumas representantes para Gana, onde estaria acontecendo uma conferência internacional para discutir sobre problemas na África. Rapidamente as representantes mobilizaram as mulheres do outro país, mas também deixaram o governo saber de seus planos. Então, a matança iniciou-se. Muitos de seus filhos foram assassinados, como também as próprias membras do movimento. Mesmo assim elas não desistiram de lutar e continuaram perseverando. Elas sabiam que elas poderiam parar por ali e morrer depois devido às guerras ou então lutar alí, morrer ou vencer. O medo da morte não venceu aquelas mulheres. Coletando pequenas quantias de dinheiro elas puderam mobilizar outros países próximos a Liberia para lutar por paz. Uma delegação de 50 mulheres foram para Gana para fazer um movimento em frente ao palácio do parlamento, onde estava ocorrendo a conferência internacional pela paz. Devido a tal movimento, o presidente da Liberia foi altamente pressionado pelas autoridades internacionais, mas ele não queria ceder e ordenou a morte daquelas mulheres que estavam lá fora. No entanto, líderes sociais movidos pela luta daquelas mulheres impediram que a polícia cometesse aqueles crimes. As mulheres então armaram-se e disseram que sem um acordo de paz, aqueles representantes não sairiam daquele prédio. E assim foi por uma semana. Os líderes mundiais ficaram sem água, comida ou acomodação por 7 dias até que as mulheres receberam uma resposta: O presidente da Liberia estava disposta a escutá-las, mas as negociações de paz ainda continuariam. Elas então decidiram liberar os líderes mundiais mas continuaram a luta. Na sua reunião com o presidente elas falaram para o mundo inteiro ouvir: Nós queremos paz! Liberia merece paz! Mulheres Unidas Pela Paz! E apelaram para a comoção da Primeira Dama do país. Então, o presidente promoteu ajudá-las. Mas não compriu, agravando a guerra. Então as mulheres voltaram para o palácio e fizeram outra mobilização, até que o tratado de paz foi aprovado. Houve muita comemoração e alegria! Depois de tanto tempo de intensa luta elas sairam vitoriosas. Elas venceram a política do país ditador. Elas tiveram as suas vozes ouvidas.

Apesar da vitória, elas não pararam a luta. Criaram uma organização não-governamental e iniciaram a batalha por eleições diretas e democráticas no país. Devido ao desempenho do movimento elas conseguiram conscientizar o país inteiro e eleger a primeira Presidente Mulher do Continente Africano. Desde então, Liberia tem sido um país de paz e democracia para o seu povo, apesar dos desafios econômicos e sociais.

Peguei-me com lágrimas nos olhos e com as pernas trêmulas. Eu estava diante de uma guerreira! E que luta! Eu não pude me conter. Tive que me levantar e falar para aquela mulher tudo o que eu estava sentindo. Eu disse que palavras poderiam dificilmente explicar o que eu estava sentindo naquele momento. Parabenizei-a por tudo e agradeci pois ela me mostrou que mesmo iniciativas pequenas podem se tornar coisas grandes e trazer mudanças inesquecíveis. Ela recebeu vários “nãos” quando iniciou o movimento. Na sociedade em que vivia, ela era invisível e culturalmente diferente dos outros, mas aquelas mulheres decidiram falar a mesma língua: A língua da paz! Naquela noite do Man Up Summit nós éramos 86 jovens provenientes de vários países do mundo, e alí nós já tinhamos o privilégio de falar a mesma língua: A língua da melhoria das vidas das mulheres do mundo inteiro. Falei pra ela que aquela história me deu um sentimento de alcançe, mesmo embora aquela luta não fosse minha. Aplaudi com todas as minhas forças e logo em seguida todos fizeram o mesmo. Depois eu ouvi palavras lindas daquela mulher. Ela disse que apesar dos 15 metros de distância que nos seperavam naquele momento, ela pôde sentir o quão grato eu estava e quão entusiasmada ela ficou com aquilo. Agradeceu e disse que espera realmente que eu faça mudanças como aquela no Brasil. Ela garantiu que eu podia fazer isso! E eu sei que eu posso!

Alí encerrou-se o primeiro dia do Man Up Summit. Mas felizmente fomos informados de que Leymah estaria na Universidade de Joabesburgo no dia seguinte para nos dar uma palestra! Fiquei muito ancioso! Eu a veria outra vez! Fui dormir muito satisfeito e agradecido a Deus por ter me proporcionado aqueles momentos. Eu estava extremamente capacitado! Eu estava decido a fazer uma mudança grande, pois são elas que vão mover o meu país pra melhor. E naquele momento eu sabia como fazer isso!


Minha delegação e Leymah Gbowee



"When spiders web united, they can tie up a lion."

Ethiopian Proverb

Man Up Young Leaders Summit – Dia 2 (4 de Julho de 2010)

quarta-feira, 21 de julho de 2010 06:48 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Acordei muito feliz! Eu consegui dormir a noite inteira. Venci o frio de 5 graus celsius apenas com lençóis e colchões, sem a ajuda de um aquecedor.


Eu estava muito ancioso. Em breve eu conheceria todos os outros delegados provenientes da África, Américas, Espanha, Holanda, Iran e Austrália. Não havia muitas coisas programadas para esse dia. Apenas um jantar a noite, pois o time de delegados ainda estava incompleto. Fiquei no meu quarto esperando o Will chegar. Tive o desprazer de ir ao banheiro e descobrir que não tinhamos um chuveiro de água quente (pelo menos na minha primeira percepção). Então, foi o jeito tomar banho na água fria. Nem imaginem o meu desespero após a primeira gota. Eu tentei ligar o chuveiro bem devagar para que eu não me molhasse muito e pudesse me acostumar à temperatura da água, mas para a minha decepção o chuveiro ligou com toda a força e eu ainda não estava preparado. Imaginem aí um jovem residente de Fortaleza, Ceará – Brasil, que só está acostumado a temperaturas acima de 25 graus, agora estava recebendo uma rajada de água com menos de 5 graus em todo o seu corpo. Prefiro esqueçer da cena... E do tremer das minhas pernas e lábios.

Em seguida fui tomar meu café da manhã. Conheci muitas pessoas simpáticas. Eu fiz muitas amizades com os trabalhadores do Campus. Pessoas tão simpáticas e amáveis. Recebi mais de 200 “Good Morning man”, “What’s up?”, “Did you sleep well?”. Muito legal!

Eu, Ariel e Priscila no Café da Manhã





Fui para o quarto esperar o Will. Ele chegou logo! Foi ótimo conhecê-lo pessoalmente. Afinal, nós só nos conheciamos através da internet anteriormente. Pudemos conversar sobre os nossos vôos e muitos outros assuntos relacionados ao Summit. Esperei ele desfazer as malas e o levei até a recepção da universidade para que ele pudesse conhecer a Aimee e Karen. Minha delegação estava completa! Agora só precisávamos conversar e discutir tudo o que já haviamos planejado. Voltamos para o quarto e eu deixei o Will dormir, pois ele estava cansado devido ao tempo que ficou acordado durante o longo vôo.

Logo a noite, nos arrumamos para ir ao jantar. Tivemos um Braai, típico bar-be-que estilo Sul-africano. Aproveitamos para conhecer os outros delegados e participar de muitos games, além de receber o nosso material de uso individual durante o evento: uma mochila personalizada, canetas, um caderno e uma vuvuzela, haha. A noite não durou muito para nós. Fomos dormir cedo pois no dia seguinte iniciaria o verdadeiro Man Up Summit e eu estava anciosíssimo para que aquele dia chegasse. Eu estava entrando no Summit com objetivos traçados e teria que dar o meu melhor pois queria voltar ao Brasil pronto para iniciar um projeto altamente impactante.


“There is nothing more powerful than an idea whose time has come”
Victor Hugo, French Novelist and Poet


Man Up Young Leaders Summit – Dia 1 (03 de Julho de 2010)

06:44 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Após 13 horas de viagem, eu finalmente cheguei em Joanesburgo. Tudo foi bem agradável. Tive a compania de 2 brasileiras que seriam facilitadoras no evento. Elas eram a Anouk (Diretora Executiva da ONG Caramundo) e Panmela (Fundadora da Rede Feminista de Arte Urbana Nami). Tivemos uma longa conversa sobre as expectativas, programação, entre outros assuntos relacionados ao evento e nosso ativismo. Eu já havia lido o curriculum das 2 facilitadoras, pois o time da Man Up o enviou para todos os participantes. Eu só não imaginava que elas fossem tão diferentes. Ambas residem no Rio de Janeiro e trabalham com garotas residentes em favelas no combate contra a violência doméstica através da arte do grafite, outros métodos de arte urbana e de patrocínio a jovens que fazem a diferença na sociedade com os seus projetos.


O evento aconteceria na Universidade de Joanesburgo. Fiquei fascinado com o Campus. Aliás, fiquei fascinado com a África do Sul. Eu não sabia que a cidade de Joanesburgo era tão maravilhosa. Nós brasileiros não temos muito acesso a verdadeira face da África, estando enterados sempre nos problemas que os habitantes enfrentam. No entanto, eu vi alí verdadeiros aspectos de um país em desenvolvimento. E apesar de o Brasil ser um país muito mais rico do que a África do Sul, em questões de saneamento e infraestrutura das metrópoles, a África do Sul ganha devastosamente.

Entrada Principal do Universidade de Joanesburgo



Visão exterior das salas de aula do Campus

Os coelhos dominavam todo o território da Universidade, juntamente com os mais estranhos pássaros e esquilos já vistos.

Ao chegar na Universidade fomos direcionados à recepção. Logo conhecemos as pessoas responsáveis pela seleção dos participantes e por toda a organização do evento. Karen e Aimee são duas pessoas maravilhosas. Elas foram extremamente hospitaleiras e agradáveis a nos dar todas as instruções sobre o evento. Logo fomos encaminhados ao credenciamento e em seguida aos nossos respectivos quartos. Os participantes teriam quartos duplos. Eu ainda não tinha experimentado essa situação e estava ancioso. Eu compartilharia quarto com o meu parceiro de delegação. Porém, eu fui o primeiro delegado a chegar no evento e o meu parceiro só chegaria no dia seguinte. Ao chegar no meu quarto, tirei um grande cochilo. Eu teria dormido mais do que 2 horas, se o frio não fosse outro companheiro naquele quarto.


Mapa do Campus 1 da Universidade de Joanesburgo

Tive tempo para organizar minhas ideias, traçar meus planos e estratégias e refletir bastante sobre meus planos e projetos para o evento. Lembro que pensei na sociedade brasileira e mundial sobre o tema da violência contra a mulher. Eu queria encontrar a base para que aquele problema pudesse se manifestar, mas eu sabia que a mesma base seria a plataforma de início de muitos outros problemas. Eu precisava definir isso, pois eu queria muito trabalhar diretamente na base do problema. A juventude (atual e futuras gerações) vai nos guiar ao desenvolvimento social no decorrer das próximas décadas. Se o problema ainda ocorre, é porque ainda não foram criadas estratégias que evitassem que novos perpetuadores pudessem surgir. Então faz-se notável a necessidade de reculturalização das novas gerações para que possam tornar sustentável um perfil novo adquirido através dos trabalhos realizados no presente. Tentei escolher os workshops nos quais eu participaria, mas preferi esperar o meu parceiro chegar para que pudéssemos ser estratégicos na escolha de forma que a nossa organização se beneficiasse com o maior número possível de workshops assistidos.

Logo mais a noite conheci outros delegados brasileiros: Ariel e Priscila, de São Paulo. Também conheci mais um facilitador brasileiro, Daniel Lima. Este é o representante brasileiro da campanha do laço branco (Combate a violência contra a mulher) e membro da rede Promundo. Eu sabia que se eu quisesse desenvolver um projeto no Brasil, eu estava com as pessoas certas ao meu redor. Eu precisaria aproveitar todas as oportunidades. E alí estava eu, apresentando o projeto no qual eu já estava envolvido: O Fórum Juventude por Capacitação, um evento que minha organização já estava organizando. Todos adoraram o plano e ficaram impressionados com o conteúdo apresentado. Mas principalmente pelo fato de eu ter desenvolvido o projeto sozinho e ter apenas a idade de 18 anos.

À noite tivemos um jantar maravilhoso com todos os facilitadores, organizadores do evento e um número pequeno de delegados que já haviam chegado. Entre eles estavam os seguintes países: Honduras, Uganda, Chile, Serra Leoa, Moçambique e obviamente, Brasil.

Tive uma conversa maravilhosa com a Aimee. Ela me surpreendeu com as expectativas que ela aplicou em mim. Ela disse que alguma coisa dizia para ela que nós já nos conheciamos há muito tempo. O melhor de tudo foi saber que ela lia os nossos textos e que ela ficou maravilhada com o fato de sermos tão específicos, sinceros e criativos (o Will sempre colocava as nossas fotos, o logo da React & Change e uma figura da bandeira do Brasil nos nossos relatórios). Esboçei pra ela o meu projeto e ela disse que queria muito que eu fizesse dele um projeto Man Up. Mas eu ainda tinha que pensar bastante, afinal, o meu projeto era voltado para a capacitação juvenil com empreendedorismo social e oportunidades de discussões sobre assuntos globais voltado para ações ativistas, enquanto o foco da Man Up era o trabalho com a violência contra a mulher. Felizmente, eu encontrei uma solução para as minhas dúvidas.

Depois da Aimee, veio a Karen. Nós conversamos bastante sobre o Brasil e ela riu exageradamente quando contei que eu me sentia um brasileiro frustrado pois não gostava de futebol, não sabia sambar e não apreciava a música popular brasileira. Eu confesso que ri de mim também. Aproveitei a conversa para perguntar várias coisas sobre o Man Up, iniciando pela pergunta: Por que vocês decidiram trabalhar com o foco na Violência Contra a Mulher? Recebi uma resposta bem básica mas que possibilitava reflexões abrangentes: Porque nós gostaríamos de trabalhar com um tema que atingisse várias questões em vários âmbitos como economia, política, educação, meio ambiente, etc., e acreditamos que a violência contra a mulher está diretamente conectada a todos esses outros temas. Essa resposta originou outras perguntas vindas de mim e me deu a oportunidade de refletir sobre a mesma com relação ao meu projeto. O jantar durou mais de 3 horas e depois tivemos que voltar ao Campus para dormir. Os facilitadores ainda teriam uma reunião (já era 22:00hs e não havia café disponível). Deu-se assim o fim do primeiro dia do Man Up Summit. Estávamos todos anciosos pois os outros 75 delegados chegariam no dia seguinte.



“In creating change you often have to take a step even when you don’t see the whole way. You have to keep moving even if you’re slower than you want to be. If you can’t walk, crawl, but always keep moving.”

Dr,. Martin Luther King Jr., 1960

Man Up Young Leaders Summit 2010, Joanesburgo, África do Sul - Julho 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010 08:52 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Esteja aonde estiver, alí está você!


Foi com essa frase que deu-se início uma das mais importantes experiências da minha vida. Eu sabia que eu estava no lugar certo, no momento certo, com as pessoas certas e a razão... esta dirigia os meus pensamentos, a minha motivação e entusiasmo sobre uma causa nobre na qual estou envolvido diretamente e diretamente há mais de 15 anos! Eu estava na África do Sul, durante os jogos da Copa do Mundo. Mas em contraste com o motivo pelo qual 99,99% dos estrangeiros quem estavam naquele país no mesmo período, eu estava sendo dirigido mais uma vez pelo desejo de mudança. Eu estava sendo bombardeado com capacitação para ser aquele que vai ativar a juventude brasileira a combater a violência contra a mulher.

Tudo começou no mês de Janeiro deste ano. Recebi um e-mail de um amigo que compartilhava comigo uma oportunidade de participar de um evento internacional promovido pela organização americana “Man Up Campaign”. O evento chamava-se Young Leaders Summit (Cúpula dos Jovens Líderes) e tinha como objetivo principal reunir 200 jovens líderes ativistas com idades entre 18 e 30 anos, quem trabalham no combate a violência contra a mulher provenientes de todas as partes do mundo durante os jogos da Copa do Mundo na África do Sul. Essa data foi escolhida para trazer impactos relevantes e adquirir a mira da mídia de forma efetiva no intuito de mobilizar o mundo para o envolvimento de jovens na causa a ser abordada.







Cerca de 700 delegações (com 2 a 4 delegados) foram inscritas para participar do evento. A minha era composta por eu e meu amigo Wirlesson Falcão, Diretor Geral e Diretor de Relações Públicas da React & Change Organization respectivamente. Nós nunca haviamos nos visto pessoalmente, apenas trabalhavamos no mesmo projeto, compartilhávamos aspirações e experiências, e participávamos das mesmas redes de contatos ativistas. Esse fato fez com que adquirissimos relevante visão e credibilidade durante o evento, pois éramos os participantes mais jovens e que já possuiam um plano de ação definido e estruturado. Além da nossa delegação, tivemos mais 4 delegados selecionados. Todos eles são residentes do estado de São Paulo, enquanto eu e o Will correspondíamos pelos estados do Ceará e Amazonas. No final, todos nós formamos a maior delegação nacional do evento representando a juventude brasileira como um todo. Estou certo de que alcançamos os objetivos propostos, orgulhosamente.

Ítalo Ribeiro e Will Falcão: Delegação Brasileira representando a Organização React & Change


Entre Março e Julho passamos por um longo processo de estudo e caracterização da violência contra a mulher no Brasil, como também discutimos e definimos a situação de muitos outros aspectos que nos impediam de ter um impacto inédito em tal assunto, entre eles: A dificuldade de acesso aos líderes nacionais ou locais, a falta e conhecimento do conceito de violência nas pessoas em geral, a carência de mobilizações juvenis nacionais e de interação entre Organizações Não-Governamentais com ativistas comunitariamente baseados. A Man Up Campaign nos motivou bastante ao solicitar o preenchimento de questionários semanais sobre assuntos específicos que nos ajudariam bastante no desenvolvimento do nosso plano de ação durante o evento, como também no “abrir da nossa mente” para a reflexão do conhecimento geral que tínhamos até então. Conhecimento que não era baseado apenas na teoria, mas na prática em sua principal nuance.


Sinto-me relativamente confortável ao falar sobre minhas experiências com relação a violência contra a mulher, em especial a doméstica. Não pelo fato de ter vivenciado isso durante mais de uma década, mas por ter visto o acarretamento de soluções e superação dos indivíduos envolvidos. Tive uma parcela da minha infância bastante conturbada, compartilhando o meu lar com constantes episódios de violência física e psicológica. Meu pai era alcoólatra, considera velmente moderado. Minha mãe não trabalhava frequentemente pois tinha que cuidar das crianças. Nos deparamos com uma situação na qual meu pai ficou desempregado (e ainda está até hoje) e minha mãe teve que assumir as despesas da casa. Mas como sonhadora, ela fez muito mais do que simplesmente procurar um emprego. Ela tinha sonhos e uma visão maravilhosa das suas capacidades. Aos 30 anos de idade, minha mãe foi aprovada no vestibular para o curso de Pedagogia, após ficar 12 anos sem estudar. Ela trabalhou e estudou ao mesmo tempo. Tal esforço reconhecido por seus patrões garantiu o aumento de seu salário muitas vezes. Aquilo era demais para o meu pai. Ter nascido e crescido em uma família totalmente culturalmente machista, estar desempregado e sendo “sustentado pela mulher” eram fatos que acabaram gerando pequenas discussões inicialmente, passando para o estado de violência física, findando na suspensão dos estudos da minha mãe e da mudança desta com seus filhos para outra casa, onde tivemos que pagar aluguel e recursos financeiros extremamente limitados. As lutas continuaram por mais de 10 anos. Como crianças, eu e meus irmãos não podíamos fazer muito para evitar isso, apenas chorar ou tentar trazer algum tipo de conscentização através do nosso olhar inocente e compaixão pela nossa mãe. Hoje, EU POSSO FINALMENTE BATER NOS PEITOS e dizer que EU POSSO FAZER ALGO CONTRA ISSO, o que vai muito além do que vivi em casa.

Lucia Helena Ribeiro Alves hoje é graduada em Pedagogia e Letras com habilitação na Língua Portuguesa, Pós-Graduada e Mestra em Educação Especial. Ítalo Ribeiro Alves (Eu), sou um British Council Global Changemaker e um Man Up Young Leader, mas principalmente um defensor dos direitos das mulheres, ativista da área de capacitação juvenil através do empreendedorismo social e diretor geral de uma das primeiras ONGs totalmente lideradas pela juventude brasileira.
Assim como eu, muitas outras pessoas costumam ter ídolos para basear ou seguir um modelo de vida. Muitas delas quebram fronteiras geográficas para encontrar aquele cuja personalidade é equivalente ao que se procura. Mas se eu tivesse apenas a minha mãe, isso bastaria!




Sei que o meu caso é apenas UM dos casos ocorrentes no mundo. Mas ele foi o suficiente para me influenciar a querer mudança para todas as atuais e futuras gerações das mulheres brasileiras.

Nas postagens posteriores você poderá entender como a React & Change Organization combaterá a violência contra a mulher no Brasil. Fique ligado!

“To be a leader is all about choosing. You choose to stand up while everybody else chooses to sit down, and sometimes it comes with a cost!”
Sarah Nkhoma, Global Changemaker, Malawi

Young People Panel - Women Deliver Video

domingo, 13 de junho de 2010 07:15 Postado por Italo Ribeiro ;)

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Watch live streaming video from womendeliver at livestream.com

Rage for Justice Motivates Young People - Young Women Deliver!

07:11 Postado por Italo Ribeiro ;)

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WASHINGTON, June 9 – Cell phone networks, edu-tainment, basketball teams, at least one kidney and great helpings of courage in the face of threats and even murder are bringing young people to the cutting edge of political change for women worldwide, a Women Deliver 2010 panel discussion demonstrated today.

Sarah Nikhoma of Malawi told the 3,000 conference participants that organizing university students to speak realistically about HIV/AIDS risks and sexual behavior earned her an arrest and a severe beating that left her hospitalized. “People don’t want to deal with the fact that young people have sex,” she said. “They owe me a kidney.”



Maihan Wali, a youth in Afghanistan, faltered in describing what happened when she braved anonymous telephone threats to organize events and college women’s basketball teams of 20 players each in 40 Afghan colleges. “It’s not only just playing basketball,” she said. “We were getting information and sharing it with each other.”


She set up programs to build women’s awareness of human rights. The threats continued, and then a friend of hers was murdered. Entertainer Ashley Judd, moderating the session, led the audience in saying the murdered friend’s name three times in remembrance.


In Pakistan, Shamila Keyani established a clinic to bring health care to poor rural women, and wound up telling them about their rights and also treating many men injured in tribal conflicts. The women brought gifts to the doctors, she said: “Women [there] have no sense they deserve decent medical care as a human right.”

Josh Nesbit, a self-described child of U.S. privilege, was stunned to learn that Malawi doctors often walked 30 to 40 miles and two or three days to deliver patients’ documents where they were needed. Nesbit packed 100 cell phones, a computer and some software in a backpack and immediately doubled the doctors’ caregiving capacity. He went on to set up a global electronic network that handled and directed more than 80,000 emergency calls to first responders after the Haiti earthquake.


Then, he said, he realized he had to stay involved. “It was that ‘Oh, crap, this works’ moment,” he said. “At that point there’s no turning back.”


Mexico’s Lourdes Barrera told of a woman activist who was arrested and beaten on charges of kidnapping policemen. “We have laws but not justice,” she said. “What motivates me now is rage for justice.”

“That’s rocket fuel,” Judd said. The emotional panel session, she added, was “an espresso shot of inspiration.”

Watch video of the panel discussion: http://www.livestream.com/womendeliver/video?clipId=pla_988ef296-3ae9-47a4-a3ae-00d54216e182&utm_source=lslibrary&utm_medium=ui-thumb

Invest in Women - It pays!

07:04 Postado por Italo Ribeiro ;)

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"We all share the same world, however we make it unequal for those we do not respect. We need a world that delivers. Hmn…No! We need people who deliver for people. "

Invest in Women – It Pays!


Women, the social group that most commonly is conceived as synonym of innocence, fragility and weakness around the world have now the chance to have a deep breath and affirm: We are the heart of global economy and development.

Being at Women Deliver Conference has been fantastic. It is just the confirmation that, yes, we can be different somehow but in the end we all share the same concerns. How can I be so sure of that? Because we are more than 3000 people here, from the simplest community activist to the greatest high-level global leader, and we all speak the same language: The betterment of women’s lives worldwide.

The Women Deliver Conference 2010 is the continuation of the global conference held in London, in 2007. The Women Deliver Organization, one of the most famous organizations in the world in terms of health advocacy, has given the opportunity to 3000 people from all over to discuss upon the need for investments in women rights. And as a bridge to open the vast possibilities for that, the theme of the conference is: Delivering Solutions for Girls and Women. Women’s rights have outstanding approaches on Millennium Development Goals #3, #4 and #5: Promote Gender Equality and Empower Women, Reduce Child Mortality and Improve Maternal health, respectively. These are the most underfunded issues amongst all the other goals. But curiously it is extremely remarkable that without prioritizing these goals, it will not be possible to achieve the others.

•#1: We cannot eradicate poverty without empowering women and making them economically productive so that they can improve their family lives and thrive;

•#2: If families in underprivileged areas do not understand that women have key roles in society, it will get harder to increase the number of women who are sent to schools. Thus, the efforts made to achieve universal access to education will be in vain;

•#6: If women do not have access to great family planning programs, comprehensive educational information on sexual reproductive health and both antenatal and post-natal care, it will be impossible to combat AIDS because the high rates of infections will get maintainable and people will keep dying guiltless.

•#7: When a woman is economically productive and participative and in society, it is not only her family what will flourish, but her community will be stabilized and the resources will be balanced in accordance with the needs people may demand.

•#8: Women can be considered half of every country’s engine for growth and development.


These reasons boost us to speak up, share experiences and learn how to bring about immediate impacts on the global health systems. Obviously, wherever there is an opportunity to show young people’s energy and make the global leaders listen to their ideas, there is a Global Changemaker. And now we are four at the Women Deliver Conference.

Mohammed (Gambia), Sarah (Malawi), Maihan (Afghanistan) and Italo (Brazil) are carrying the Global Changemakers flag, mentored by our dear Francesca Martonffy. Mohammed and I applied for a scholarship to attend the event. The selection was very arduous and competitive. In the end, we won more than 6000 applicants and were awarded with the privilege of representing our youths internationally again. The girls were invited by the British Council and then we all joined the same activities.

Well, the second day of the Conference is about to begin and I have got to leave now for the Convention Centre. We will keep you updated on everything that is happening here.

I thank all of you guys for being so kind with the wishes and greetings on facebook and e-mails. We are striving hard to represent you excellently and you can expect a lot from us.



Big Hugs,

Ítalo Ribeiro, Global Changemaker